29.4.10

De Anita

É má, má como a vida





Se ela passa, os homens se voltam para a sua atmosfera de mistério e se esquecem de desejá-la. 
As mulheres dizem que é
E ela o é, realmente. 
É má, má como a vida. cruel por amor, toda amor.

28.4.10

27 de Abril


Mais um 27 de Abril foi embora. O Segundo sem você.
E vem mais um dia das mães no caminho, né?
Quantas vezes você me disse que avó é mãe duas vezes?
E o que você foi pra mim, senão uma segunda mãe?
Sinto tanta falta dos almoços e bolos, do colo e das broncas, do aconchego, do sorriso, do seu amor...

Se a saudade é a nossa alma dizendo pra onde quer voltar, eu quero você de volta.
E apesar de saber que não posso ter, nunca vou deixar de querer!


Depois que você se foi, encontrei nas suas coisas um bilhete com a sua letra que dizia:
"Só morre quem não deixa saudades".
Então, com toda saudade que você deixou, é capaz de você se tornar eterna.

22.4.10

É o meu papel


Parece frase de tradução de música americana, mas a verdade é que eu ainda posso sentir o cheiro do seu corpo na minha pele.
Sempre achei tão improvável que eu poderia ter essas reações bobas de comédias românticas e, no entanto, fiquei aqui, me sentindo a mocinha do filme dos ingressos esgotados. Sabe? Daquele filme que não conseguimos ver juntos porque você não parava de me beijar no cinema. Eu assisti sozinha ontem, enquanto você voltava para a sua casa. Parece roteiro de dramaturgia essa história de ficar aqui pensando em você por sentir o seu cheiro, lembrar de uma bobagem qualquer que você tenha dito ou pensar em como acho bonito o seu sorriso. Aquele assim, meio de lado, sabe? Eu não tenho talento pra ser a mocinha ideal, a protagonista, aquela dos vestidos coloridos e cabelos alinhados. E eu acho que é de alguém como ela que você precisa. Eu tinha pensado um monte de coisas importantes que eu queria te dizer naquele dia. E era tudo muito urgente! Não é novidade nenhuma que eu acabei não dizendo, eu sei disso. Esse é o maior dos meus erros: deixar fluir. Ou como você diz, "deixar rolar". Deixei. Mas acontece que depois eu fiquei aqui, encarando o telefone e tudo que eu queria te dizer, e não disse, voltou a ser urgente.
Eu queria que você compreendesse sem que eu precisasse explicar tanto. Eu queria que você soubesse até que ponto eu iria, se pudesse. O que não é o caso, porque eu realmente não posso. Não é questão de proteção, abrigo ou qualquer outra coisa assim. Não é que eu precise me encontrar ou me perder, porque eu sei exatamente onde estou. E pior, sei quem eu sou. Pra entender e enxergar, você precisa estar centrado, em paz, sereno. Eu precisei de mais do que isso. Aliás, esse também é um problema: eu sempre preciso de mais do que eu tenho ou do que alcanço. E isso não é culpa sua, é minha. Espero que você saiba.
Eu sei que parecia um romance de conto de fadas. Eles sempre têm finais felizes? Ou pelo menos uma bonita lição de moral?
Sendo feliz ou não, espero que ao menos você compreenda a história.
Mas eu pareço aquela personagem da série que repete os mesmo erros a temporada inteira, sabe qual? Então. Eu sou ela fora da tv, sem script decorado nem falas prontas. Sou eu encarando você, sou eu dividida entre falar ou deixar pra lá, sou eu pensando, analisando, balanceando...
Sei que quando você segura a minha mão eu também estou ali querendo segurar a sua. Mas tem uma parte de mim que diz que eu não deveria fazer isso. Não desse modo. Não me segurando em você e deixando você se segurar em mim. Não ouvindo seus segredos e nem te contando os meus. Não sorrindo apenas por te ver chegar.
Eu não sou assim. Eu não sou como as mocinhas do cinema ou da tv. É por isso que eu faço as coisas desse modo, do meu modo!
Essa sou eu, estragando tudo, como sempre.
É esse o meu papel.


*respira

18.4.10

Felicidade Instantânea

Com a roupa encharcada, a alma repleta de chão, todo artista tem que ir aonde o povo está


Sim, eu sei que é o título de uma música do Cpm22. Sim, eu também sei que você acha que eles saíram de moda e são uma bandinha emo, mas quando os ouvi na rádio, percebi que eu também queria berrar umas coisas aos quatro cantos do mundo. Na verdade, eu queria ser vocalista de uma banda de rock pra tocar nas rádios, fazer shows e aparecer na televisão. O problema é que eu não sei cantar.

Eu queria ser famosa e ter mil repórteres me seguindo querendo saber o que eu penso, querendo saber o que eu faço. Minha mãe guardaria todas as revistas com meu sorriso estampado. Diriam o que eu faço pra manter a forma, especulariam minha vida amorosa, diriam que fui vista numa festa com o galã da novela das nove e que não me dou bem com a mocinha da novela das seis. Ririam de mim no quadro de erros de gravação do programa da tarde e me chamariam pra cozinhar no programa da manhã. O problema é que eu não sei cozinhar.

Mas ainda assim, eu queria ser famosa e aparecer no programa de fofocas do outro canal.
Queria mesmo fingir que me irrito com os paparazzis, quando na verdade eu adoro aparecer.
Tantas vezes fiquei parada em frente ao espelho simulando um grande show, uma grande cena... Tantas vezes eu fingi ser quem não sou e ensaiei frases que não eram minhas pra dizer aos outros. Teve até aquela vez que eu fiz como participantes de reality shows e fiz amizades instantâneas e inquestionáveis em um dia. Eu já inventei tantas histórias mirabolantes, tantas crises incompreensíveis...
Chego à conclusão de que sempre me faltou uma câmera. Eu nasci pra ser famosa!

Mas não sou! Não tem uma câmera filmando o que eu faço embaixo do meu edredom. Não tem um grito de "corta" quando eu termino de fazer as minhas cenas. Não tenho um dublê que se machuca por mim. Sou eu mesma que caio da barra, que rolo escadas abaixo, que tomo caixote no mar. Não tenho um script para decorar, eu mesma sou responsável pelas minhas falas e por tudo que eu faço. Não tem vilão e nem mocinho porque eu não tenho como saber quem é quem. São milhões de pessoas contracenando diariamente na minha vida. Figurantes ou não. Não tem um "viveram felizes para sempre" nem o enlouquecimento ou a prisão de todos os bandidos.
Eu sou telespectadora da fama alheia.

Mas eu quero acreditar que existe uma alma gêmea, que existe um "até que a morte nos separe", que existe um amor indiscutível e que eu posso ficar bonita com aquele corte de cabelo impossível.
Quero acreditar que é possível esquecer que eu sou rancorosa e perdoar a quem me fez mal, nem que seja no último capítulo. Quero que aquelas dietas milagrosas das famosas sejam todas verdadeiras e funcionem. Quero acreditar que todas as pessoas são capazes de aprender com os próprios erros e aprender a não cometê-los novamente. Que todas as pessoas estão por aí procurando uma maneira de ser melhores ao invés de só tentar se dar bem. Quero acreditar que elas querem se esforçar para fazer o melhor das próprias vidas ao invés de só querer audiência.
Mas o problema, é que eu não acredito em nada disso. Na verdade, eu acredito em poucas coisas.

Eu acredito que um erro não justifica o outro. Acredito que as pessoas não mudam conforme a necessidade, mas com o tempo. Acredito no sucesso conquistado com esforço, não com escândalo. Acredito que se você me chama pra fazer fofoca dos outros, chama os outros pra fazer fofoca de mim também. Acredito no caos. Eu acredito que perdoando uma traição, serei traída novamente. Acredito na falta maturidade da mulher que cai na conversa de qualquer canalha e ainda defende dizendo que "ele trabalha demais" ou "mas eu sei que ele me ama". Acredito no tanto de homem machista que ainda existe. Acredito que aquele seu vizinho lindo é gay e namora aquele meu vizinho mais lindo ainda. Acredito que sua mãe é oprimida pelo seu pai autoritário e que você é inseguro por causa deles. Acredito na sua boa vontade apesar dos seus atos desastrosos. Acredito que atinjo várias pessoas enquanto elas pensam que eu escrevo para alguém específico, quando na verdade estou conversando com a minha imaginação. Talvez eu ainda acredite em algumas outras coisas, mas é tudo muito pouco e superficial. Quase fútil. Eu acredito em mim e não acredito em mais nada.

Ser famosa resolveria parte dos meus problemas. Talvez só os mais fúteis. Eu poderia, por exemplo, ser capa de revista masculina e ter o corpo perfeito que eu não tenho, porque existe retoque. Eu poderia vender minha imagem ao invés das minhas idéias. Minhas idéias nunca me levaram às editoras nem às listas dos mais vendidos.
Queria ser famosa pra encontrar a tal vida melhor que a minha que todos os famosos insistem em ostentar.
Mas eu acho que eu nunca vou ser famosa.

Talvez a minha felicidade não seja instantânea como aquela foto do novo casal de famosos que apareceu estampada na primeira página do jornal. Talvez a minha felicidade não esteja em apenas um clique, em uma página de revista de vida de artista. Talvez eu consiga ser mais do que um instante.
A minha vida não pode ser uma cena momentânea, um registro efêmero ou um acontecimento súbito.
Eu não tenho o registro de um paparazzi nas revistas e nas bancas de jornal, mas tenho algo melhor: tenho o registro informal dos meus amigos no instantâneo da Polaroid ultrapassada colado no mural do meu quarto.
E é só olhar para essa foto que encontro a minha felicidade instantânea.

Eu só queria ser famosa pra quebrar a minha rotina de ser eu mesma, não para ser feliz!


"Olá! Sou eu que faço as canções pra você chorar!”.





Hey peoples... 
Conhecem a música? 
Eu ouvi por acaso "Felicidade Instantânea" 
e não consegui mais parar de pensar no tema, 
mas ela não tem muito mais a ver com o texto além do título. =D

13.4.10

Ruínas


Carol Rodrigues


Eu sinto o cheiro dos problemas que você me trouxe no vento. Eu vejo o negro que você soprou no céu. Eu piso nas rosas vermelhas escalarte que você plantou no meu jardim e volto a escrever entre um curativo e outra atadura. Não vejo a hora nos ponteiros inertes do relógio que você quebrou. O tempo parece não passar e tudo surge ao mesmo tempo. Não, eu não enxergo a solução pro inferno que você trouxe no calcanhar. Mas é nítido todo trabalho que terei em frente. Se eu não queria, porque você foi voltar? Derrete o chumbo do meu coração e desliza pelas veias, transpira em minha pele e evapora no ar. Se eu não ouvia, pra que você foi falar? O timbre sério e seco que umedece minha alma. Transborda pelos olhos, rola pelo rosto até tocar o chão. Não, eu não devia falar, mas as palavras saem da minha boca sem controle e de fugitivas, encontram-te sem que eu possa impedir. Eu não queria saber, mas você fez questão de contar. E me lembro muito bem do espelho que se partiu para não refletir sua imagem. Para ele já não posso perguntar, ainda que saiba a resposta. Eu me engano quando digo que o céu é azul, ele é cinza! E me engano quando penso em você. Não é você que eu vejo, e sim um espectro do que você foi. Eu sinto um cheiro ocre vindo das suas roupas. Ouço uivos dos ventos quando você passa. E na matilha, muitos chamam o seu nome em berros e dizem algo que eu não posso compreender. No calabouço do âmago do meu ser, aprisiono as lembranças que não quero encontrar. E as chaves, joguei no profundo lago do dragão verde. Se eu não responderia, pra que você foi perguntar? Eu respiro bem fundo. E sinto esse ar já respirado entrando nos meus pulmões. Eu tento sobreviver por mais um dia nesse apocalipse diário que você me faz!



Tenso né? Tava nos rascunhos do blog =P

12.4.10

Das coisas que queremos ouvir


Reflections of a Skyline



E então, a gente fica imaginando: será que terei isso um dia? Será sonho? Será utopia?
Seja o que for, é lindo.
Mas eu preciso confessar que eu chorei feito uma menininha que perde o balão de hélio quando assisti pela primeira vez. E mandei para as amigas só pra ter certeza que eu não seria a unica.
Todo mundo com cara de quem ganhou chocolate na páscoa e em seguida uma criança maior veio e roubou.
Simples assim. Como a sensação do chão sumir bem debaixo dos pés.



Não é lindo o sotaque britânico?




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8.4.10

Noves Fora


desconheço a autoria


O quarto está escuro, mas a luz da lua não deixa a escuridão ser completa. A música está alta, os pensamentos estão longe, tão longe que não consigo compreender o que dizem. Um cachorro uiva na rua enquanto afundo a cabeça no travesseiro mais um pouco. “Preciso pintar as paredes” – penso olhando para o teto – “elas parecem sujas”. Tem um livro ao lado do meu travesseiro, um romance água com açúcar, e mais uns cinco ou seis espalhados pelo chão. Passei os olhos em todos antes de me deitar e ligar o som. Já é tarde e eu já teria desligado a música se soubesse onde está o controle, mas não quero me levantar agora para procurar. “Eu deixei as gavetas abertas” – aconselho-me – “vou acabar tropeçando”
Fico deitada e conforme o tempo passa, o quarto vai ficando mais claro ao invés de mais escuro.
A Lua... Ela! Sim! Noite fora, noves fora, dentro zero, solidão. O corpo está inerte, o rosto sem expressão. Ajeito o travesseiro e respiro fundo. Cheiro de vinho na caneca. Boa safra, boa dose, boa paz no quarto pequeno. Um tanto de silêncio! Um tanto de tristeza, outro tanto de sereno. “Preciso comprar prateleiras” – penso acusando as paredes – “esses livros não podem ficar pelo chão”.
Precisaria de uma prateleira bem resistente. Essa vida não pode ficar pelo chão.
Acaba a música, acaba o vinho, acaba a noite. Agora é fechar gavetas, recolher os livros, pintar as paredes e comprar prateleiras. A vida não pode ficar assim escura, barulhenta, suja, aberta, jogada num canto qualquer! Há de se cuidar, pra iluminar aquilo que ainda não escureceu completamente.

3.4.10

Vocês estão Lúcidos?

Mas se estiverem embriagados não tem problema também. Puxa uma cadeira, pede mais uma rodada de bebida e vamos conversar sobre a vida.
Quando é que a derrota merece um gole? Simples, quando você resolve fazer piada com as merdas que acontecem. E quando você tem um certo talento pra isso... huuum...
É isso que meu amigo Sanches faz em seu site de tirinhas, Lúcidos.

Cada derrota... uma história pra contar

Não estou ganhando nada com o Jabá. Também não estou indicando apenas porque o Sanches é meu amigo. Indico porque sou fã do trabalho dele e realmente gosto do que ele apronta por lá.O site nasceu quando Sanches estava chateado e entediado com a vida. Queria que o meu tédio também virasse uma coisa legal...
Deixo vocês com a leitura do Lúcidos enquanto viajo na Semana Santa =)

Mas é um daquele típicos "adoráveis canalhas"

Vale o clique!

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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