27.6.11

Carta para o Futuro

Carta para o futuro

Larissa, outubro ainda está longe, mas é quando você vai conhecer o mundo que está te esperando. Está todo mundo ansioso pra te conhecer. Sua mamãe e seu papai não vêem a hora de você chegar, mas não precisa ter pressa não, tá? Vem sem pressa que ansiedade e pressa não são a mesma coisa.
Sabe, Lalinha, o mundo pra onde você está vindo é muito louco e às vezes dificil de entender. Mas ele também é muito lindo e tem coisas incríveis, além de pessoas maravilhosas que vão te ensinar tudo sobre ele. Acontece, minha Florzinha, que essas pessoas também vão aprender muitas outras coisas maravilhosas com você. Muito mais do que você com elas. Muito se engana quem pensa que é o contrário.
Olha princesinha, a gente ainda não se conhece, mas eu já tenho um amor enorme por você, que é tão pequenininha ainda. Deixa eu me apresentar, eu sou amiga da sua mamãe e sua dinda mais babona. E bobona também. Você vai descobrir isso logo logo, assim que a gente se conhecer. Na verdade, quando você me conhecer, porque eu já sei de você desde a confirmação que você estava a caminho.
Lalinha, desculpa a dinda, mas na foto os sapatinhos são azuis, porque eu achava que você seria um menininho. Claro, era só um palpite. Eu não entendo quase nada sobre essa fábrica de bebês. Mas se bem conheço sua mamãe, ela logo vai ensinar pra você que meninas também gostam de azul e que esse negócio de cores é bobagem.
Então o sapatinho ficou azul mesmo. Da cor que você vai deixar o mundo quando chegar.
Em outubro o mundo vai mudar pra todos que te amam, porque todo mundo vai aprender a ver o mundo pelos olhinhos de uma menininha linda. Como a mãe.
Até outubro, Florzinha!






Ps: Os sapatinhos azuis nem são do tamanho de um pé de neném.
São mini-amostras que minha mãe fez de modelo pros sapatinhos que ela faz.
(minha mãe é artesã) Eu achei fofo e resolvi postar.

Ps 2: pra quem não entendeu nada, Larissa é a bebezinha que minha
amiga Talita está esperando. Minha afilhadinha *-*





Esse texto foi postado originalmente no meu Flickr em 19 de maio de 2011
E Re-postado aqui no blog depois de encontrar plágio com floreio e troca de nome do destinatário. Ou seja: Plágio disfarçado. Vocês podem conferir o ORIGINAL e a CÓPIA e ver como o plágio é claro.
A pessoa se recusa a dar os créditos, dizendo que "se inspirou" no meu texto, apesar de me copiar frases inteiras. Segundo a pessoa, quando você não copia 100% de um texto, não é plágio. Ou seja: não entende nada sobre o assunto. Saiba aqui o que é plágio.


Bom, não é a primeira vez, com certeza não será a última.
Acontece sempre que você tem criatividade e/ou faz algo que chama atenção de outras pessoas. Já diria um amigo meu: "O plágio é a forma mais sincera de homenagem".  Além de ser atestado de burrice.


Pra terminar, vou deixar uma dica pra vocês. É um site chamado FAIRSHARE
Você registra o feed do seu blog, flickr ou qualquer página que você tenha RSS e ele gera um relatório sempre que alguém copiar o seu conteúdo.  E mais: te diz se a pessoa linkou de volta (dando os créditos), se não linkou, quanto porcento do seu texto ela copiou e te permite denunciar a cópia.
Uso ele aqui no blog e agora no Flickr também!
Divirtam-se!

24.6.11

Já teve a sensação?


Já teve a sensação que, enquanto não conseguir resolver as coisas dentro de você, não vai conseguir resolver as coisas fora? Que não são as pessoas que entram e saem da sua vida, mas sim você que não encontra seu lugar na vida das pessoas? Que o mundo saiu completamente do eixo?
Eu me sinto assim. O tempo todo.

Ainda não entendi se são as pessoas que não me entendem ou eu que não entendo as pessoas. Se o mundo é mesmo esse caos ou se o caos sou eu que faço, dia a dia, a cada vez que respiro.
Como se o ar não enchesse meus pulmões de vida e sim de outra coisa que não sei o que é. Algum tipo de veneno, desses que mata aos poucos. Como uma desesperança. Outras vezes é um desespero.

Sabe quando você tem alguma coisa, qualquer coisa, que dói no fundo da tua alma? Eu tenho várias. V-Á-R-I-A-S coisas. E não adianta me perguntarem o que é. Não adianta olhar pra essa coisa tentando achar um nome, uma explicação lógica ou uma razão pra ela estar lá. E não adianta procurar se livrar dela, tomar antibióticos, morfina ou calmantes.
Não se mata um veneno com outro sem morrer um pouco mais.
Você adoece do mesmo jeito. As pessoas ao seu redor não entendem do que você padece. Te julgam por você não procurar um médico para curar aquilo. Seja lá o que aquilo for. Mas como você explica uma doença que você não sabe qual é? Você não sabe onde dói, não reconhece sintomas, não percebe os efeitos. Você só sabe que está aí, em algum lugar da sua alma.

Sabe quando as pessoas que se importam com você tentam te ajudar, mas você só consegue envenená-las? Ou com o teu veneno ou contra você? Você não quer, de fato, que essas pessoas adoeçam do teu mal. Você não quer que elas se preocupem com você. Você não quer sequer que elas tentem te convencer de nada, porque você sabe que não vai ouvi-las. E você tem argumentos suficientes para escapar de qualquer assunto ou estratégia. E você é tão burro, mas tão burro, que não percebe que fazendo isso você magoa a quem te ama. E faz sofrer quem queria acabar com o teu sofrimento.
Você é estúpido, você é muito estúpido e se agarra a essa estupidez como o pior tipo de burrice que pode existir no mundo: A burrice que não quer aprender. A burrice que não quer deixar de ser burra!

Sabe quando você tem a sensação que poderia caminhar pelo mundo inteiro, por todos os caminhos do mundo e tudo que traria de volta é um corpo cansado? E então você, simplesmente, não vai a lugar nenhum? Porque andar cansa. Porque os caminhos são todos iguais. Porque no fim você vai chegar ao mesmo lugar. Porque tudo é uma grande perda de tempo. Porque o mundo ainda vai ser o mesmo quando você voltar...

Sabe quando você se pergunta tanta coisa, que sente até uma tontura?
E às vezes você pensa que toda a história da sua vida foi escrita de trás pra frente. Que o seu final feliz, foi na verdade um começo e agora a história já foi contada. E você só conta o tempo para tudo acabar.
Porque na verdade, você tem pressa que as coisas aconteçam, mas elas não acontecem.
E se perguntarem o que você quer que aconteça, você não sabe responder. Responderia então que é a vida. É isso, você tem pressa que a vida aconteça. E talvez você até tenha consciência que não vai acontecer nada na vida, que a vida não vai acontecer, se você não fizer com que ela aconteça. Mas você não sabe o que fazer. Você, na verdade, nunca soube. Quando pareceu que sabia, você estava matando tempo. Como alguém que aprecia o outono esperando a primavera, mas vive um inverno sem fim. Ou inferno, vai saber?
Acontece que uma hora ou outra, você cansa de fingir. Você cansa de representar o próprio papel. A sua máscara, uma hora ou outra, eventualmente, cai no chão. E as pessoas percebem o quanto você é feio. O quanto você não é agradável ou engraçado. O quanto você é perdido.
Os mais atentos vão reparar na sua pressa que a vida passe logo por você.
Outros vão entender que a sua pressa é que ela, a vida, aconteça de forma diferente. De um jeito que não te faça ter pressa.
E talvez, só talvez, seja essa uma das suas principais angústias: você quer não ter pressa.
Você quer encontrar um rumo no meio desse caos. Achar o prumo perdido desse mundo.
Algo que não te deixe paralisar.

Já teve a sensação que você não gostaria de ter nenhuma dessas sensações? E que você não queria que ninguém soubesse sobre o que você pensa, mas escreve e mostra pro mundo?
Talvez com a esperança de que, escrevendo você encontre um caminho. Ou talvez na esperança que alguém consiga te entender, ou simplesmente não te julgar quando você fizer algo incompreensível.

Sabe, você era uma menina pequenininha que queria ser adulta. Mas no dia que a menina pequenininha cresceu, quis ser pequenininha de novo. E fim, a história acaba aqui e se você quiser outra, vá ler um livro.

Já teve a sensação de falar sempre em segunda pessoa pra não admitir quem é o sujeito desse problema?
Eu me sinto assim. Eu sou assim. Eu penso assim.
E eu tenho medo de passar o resto da vida sem saber o que fazer pra ser diferente do que eu sou hoje.
Porque eu não gosto, nem um pouco, do que ou quem eu sou. E eu não sei o que fazer pra deixar de ser eu. Ou pra me tornar um eu diferente de mim. Ou, quem sabe, pra aceitar e perdoar quem eu sou e aprender como posso ser.

Mas...
Como é que uma pessoa consegue se perdoar, se ela não consegue nem dialogar consigo mesma?


Imagem: We♥It

15.6.11

Eco


Você pergunta:
-O que eu faço da minha vida? O que eu faço da minha vida? O que eu faço da minha vida? O que eu faço da minha vida? 

A vida te responde:
-O que você quer fazer de mim? O que você quer fazer de mim? O que você quer fazer de mim? O que você quer fazer de mim? 

Você pergunta:
-O que eu quero da minha vida? O que eu quero da minha vida? O que eu quero da minha vida? O que eu quero da minha vida? 

A vida te responde:
-O que você quer de mim? O que você quer de mim? O que você quer de mim? O que você quer de mim? 

Você pergunta:
-O que eu quero? O que eu faço? O que eu faço do quero? O que eu quero do que eu faço? 

A vida fica confusa e não responde mais.
E você continua se fazendo as mesmas perguntas, porque embora você saiba que só você pode responde-las, tudo que escuta é o eco da própria voz...


LOOP



Imagem: We♥It

12.6.11

A única lição...



"Todo esse tempo de dor que eu passei andando por aí, todo esse tempo que eu tentei gritar a palavra amor bem alto. Pra ver se me convencia de uma vez do significado implícito nessas quatro letras. Esfregando na cara das pessoas as coisas boas que eu tinha, mas não conseguia mostrar.
Até que o tempo enfim foi me vencendo, sob o olhar condescendente das pessoas que eu mais detestava.
É duro reconhecer que todo esse sofrimento foi em vão, porque não existe vida quando a gente está triste e só e ninguém quer saber de quem está por baixo.
Não vale a pena sofrer, meu amor, de tudo o que eu passei, essa foi a única lição (...) Tem coisa que eu deixo passar. Não vale a pena. Tem gente que não vale a dor de cabeça. Tem coisa que não vale uma gastrite nervosa. Entende isso? Não vale.
Não vale dor alguma, sacrifício algum"
 


Cazuza




Acho que não preciso dizer mais nada, né?

9.6.11

Ausente

Fotografia: Hidden_Target (deviantart)

Ele não queria ir. Foi. Não socializou. Não sorriu. Não conversou. Não participou do brinde. Não respondeu perguntas. Murmurava um "unhum" ou "é" quando falavam com ele. As pessoas logo desistiram de tentar integrá-lo. Deixaram-no de lado. Ele não queria estar ali. Não entrou no jogo, não torceu. Achou que estava sendo autêntico. Estava sendo grosso. Achou que seu teatrinho convencia a todos. Estava sendo idiota. Fingia o tempo todo que estava presente, mas não estava. O homem das cavernas que não sabe dialogar. Só que o sabe fazer, é bater com uma clave de madeira na cabeça da mulher e arrastá-la para onde "ele" quer ir. Não fez questão de ser agradável. Fazia o tempo todo aquele ar de vítima indefesa, arrastada à força para o lugar do crime. Não se esforçou. Deixaram-no só. Não porque não gostassem dele, mas porque era impossível conviver com todo aquele mau humor. Melhor ignorá-lo do que aturar uma presença arrogante. Saiu perdendo. Voltou para casa sozinho. Embebedou-se sozinho. Riu de si mesmo. Divertiu-se então. Sozinho.


Agora, todas as vezes que lhe chamam, recusa. Não sai. Não participa. Não celebra. Não encontra. Não comemora. Nada. Nunca. Tudo bem, as pessoas não insistem mais. Ele prefere ficar em casa. No seu canto. No seu mundo. No seu vazio. Bem ali, dentro da própria solidão. Prefere ser o artista no centro do picadeiro e todo o respeitável público ao mesmo tempo. E lá em cima, na corda bamba, tudo que deixou de viver. Ele torce para que a corda se parta. Em mil pedaços. Só pra ficar parecida com sua vida. Comendo pipocas e assistindo ao próprio show, ele se pergunta se falta muito pro espetáculo acabar. Sabe que seu circo não tem a mínima graça. Ele está ausente. Do mundo e de si mesmo. Preso em si mesmo. Preso numa existência de ecos surdos. Ele não consegue sair das cavernas. Fica olhando sombras e luzes nas paredes, sem saber de onde surgem os desenhos. As pessoas não tentam mais chamá-lo para dar uma espiada do lado de fora. Ele também não queria ficar. Mas não tem como fugir da própria vida. Então ele fica. Com cara de bunda pra si mesmo, defendendo que sua atitude é autenticidade. Mas não é. É solidão.



8.6.11

Namore uma garota que lê

154/365 i live in my own fairytale
Foto: Melina Souza
Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.





~De Rosemary Urquico
(Tradução e Adaptação de Gabriela Ventura)

Peguei descaradamente daqui, que por sua vez, pegou daqui, que tinha pego daqui.
E se você se identificou, pode pegar de mim também =)




Ps: Obrigada Denny Viana, por ter me mandado o texto.Obrigada principalmente, por dizer que lembrou de mim quando leu *-*

7.6.11

É fácil despedir-se?


Despeço-me do menino que ouvia Chico Buarque tão alto nos fones de ouvido (e tem vezes que precisamos ouvir assim mesmo), que todos no ônibus puderam ouvir. Despeço-me da senhorinha simpática com uma florzinha roxa nos cabelos brancos, pra quem cedi meu lugar no metrô. Despeço-me da moça loira que me sorriu quando me desculpei por ter pisado no pé. De salto alto. Despeço-me do rapaz de olhos verdes que me encarou todo o percurso do trem. Despeço-me do ambulante que me vendeu amendoins e me deu sorrisos de troco. Despeço-me do senhor que me pediu pra ajudar a atravessar a rua. Despeço-me da criatura sem educação que veio na van ouvindo funk no viva voz. Despeço-me do motorista que parou fora do ponto porque eu sorri pra ele. Despeço-me do cachorrinho que fez festa quando passei na rua. Despeço-me das crianças que passaram correndo, voltando da escola. Despeço-me da jovem mamãe que passeava com seu bebe no calçadão. Despeço-me do turista que vai embora da praia vermelho feito um camarão. Espero que ele não tenha esquecido a loção. Despeço-me do ciclista que passou pela ciclovia e fez psiu quando eu passei. Despeço-me de tudo que me cerca, de tudo que eu vejo e de tudo que não verei mais.
Sento na pedra e observo o pôr do sol aqui no Arpoador. É único. Despeço-me dele também, porque nunca mais verei outro igual. Despeço-me da vida que tive hoje, porque amanhã será outra.
Aceno pro barquinho a deslizar, no macio e azul do mar.
O barquinho é um poema de despedida. É um instante que não volta. É a pressa do que não será.
Despeço-me do que ficou pra lá. Despeço-me do que passou por mim.

O problema, é que nem toda despedida é fácil assim...

3.6.11

Check-List


Bom, vejamos. Como era mesmo?
Ahhh, acho que me lembro:

O amor é paciente - uncheck
É benigno - uncheck
O amor não arde em ciúmes - uncheck
Nem se ufana - uncheck
E nem se ensoberbece - uncheck
O amor não se conduz de maneira inconveniente - uncheck
Não procura os seus interesses - uncheck
Não se exaspera - uncheck
Não suspeita mal - uncheck
Tudo sofre - uncheck
Tudo crê - uncheck
Tudo espera - uncheck
Tudo suporta - uncheck
O amor jamais acaba...

humm...  - uncheck

É. Não era amor. Era cilada

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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