22.4.12

Previously on my MSN - VIII

- ...blablabla whiskas sachê, blablabla whiskas sachê, mas aqui é feio. Muito ruim tirar foto em lugar feio.
- Não, porque nem sempre
- Ahhh, tenho que discordar. Pra que foto de um lugar feio assim?
- Às vezes, o que faz uma foto ser interessante, é justamente o lugar ser feio
- Duvido. Eu não gosto. Acho que fica ruim.
- Nem sempre!
- Tá, então te desafio a fazer uma foto bonita em um lugar feio
- Ok

Janela do Discovery [15/52]
Foto: Carol Rodrigues
A janela do meu quarto não tem das melhores vistas. Moro num condomínio e a minha vista é a frente do outro bloco de casas. E como são casas de dois andares, não sobra muito o que ver.
O lugar não é bonito. Mas olha esse céu...


I can show you the world
Foto: Carol Rodrigues
Mesmo caso, mesma janela, mesma vista. Nessa foto vocês podem ver mais ou menos no desfoque que eu tenho vista pra casa dos outros. Mas quem disse que não dá foto bonita? (pelo menos eu acho, gente)


Quinta Flower - II
Foto: Carol Rodrigues
Essa foto foi feita praticamente no lixo. Era um cantinho cheio de folhas secas amontoadas, uns galhos secos, tinha até uns lixinhos perto que não entraram no enquadramento. E aí tinha essa flor jogada no meio. Só troquei ela de lugar e olha aí...


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-Ah, mas fazer foto com essa "câmerona" é desleal. Toda foto deve ficar bonita. Quero ver fazer com uma pobrinha que nem a minha.
-Challenge Accepted 


Essas duas fotos foram feitas com uma câmera compacta Sansung ES70 de 12Mp (eu acho), super restrita e com poucas opções de configuração.


Alô Drummond...
Arpoador

-Ok, você venceu!


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Será que todo mundo entendeu o que eu quis dizer e não disse?


Ps: Todas as fotos do post são minhas e estão no meu Flickr. Para ver a postagem original, é só clicar na foto. Ou, para ver a galeria, clique aqui



Ps: primeira vez que faço um post com fotos minhas assim. Yay 

8.4.12

Sobre os sinais


Lá no fundo, eu sinto que deveria ignorar. Sabe aquele botão que te mandam ligar de vez em quando? Aquele mesmo que explode nitrogênio/nitroglicerina e joga tudo pros ares. Na verdade, é só a voz do meu ego dizendo: “isso não é nada”. Sabe qual é o problema? É que eu acordei assim, meio Pagu. Seria capaz de subir em todos os palanques e apontar o dedo na cara de toda gente e dizer: olhem pra mim, eu me garanto. Eu dou conta de lavar sozinha toda roupa suja que jogam no meu tanque. Eu sei que tudo pra mim é pouco, muito pouco e esse pouco eu não quero mais¹. Talvez o problema seja esse. Eu acho tudo muito pequeno, pequeno demais para perder tempo me preocupando. Sabe os alarmes que colocamos bem ali, no caminho do coração? Aqueles que sempre tocam quando alguém se aproxima, perigosamente, demais? Aqueles que fingimos não ouvir quando estamos prestando atenção em outros olhos? Eu sempre ouço! E não, não me cobro explicações, não. Lá no fundo, eu sei que prefiro esquecer e não fazer tanto alarde. Afinal, o alarme tocou, eu ouvi, tudo certo! As defesas funcionam. É certo que se perguntarem ao coração, ele diria que gostaria de mais liberdade. Pediria mais tempo. Lamentaria por mais controle e argumentaria que sim, o corpo sente falta. E o coração é capaz de se aliar a qualquer um que lhe dê ouvidos. Seja corpo, mente, razão ou juízo. Uma vez, aliou-se à mente e me convenceu a todo instante que eu estava insatisfeita e confusa, apenas porque não o deixava agir livremente. De outra vez, aliou-se ao meu juízo e me fez perder completamente o controle dele. Porém o maior dos problemas é quando ele consegue aliar-se ao corpo. As pernas vão onde não quero, o sorriso bobo que não desejo surge, a saudade vira dores físicas e é um caos. Mas não é sempre, os alarmes funcionam e minha audição é boa o suficiente para escutá-los. As pessoas não fazem idéia do transtorno que é quando eles deixam de funcionar ou quando eu finjo não ouvir. Sim, eu sei, preferia não ter todo esse trabalho. Preferia ter a sorte de um amor tranqüilo. Daqueles que Cazuza cantava, sabe? Com sabor de fruta mordida - seja lá o que isso for. Acredito que deve ser bom. Lá no fundo, eu gostaria que a foto do porta-retrato não fosse preto e branca. Eu ignoro, faço cara de bonita e deixo passar. Deixo o verão pra mais tarde². As pessoas não fazem a mínima idéia e eu nem me esforço em explicar. Deixa assim. Caso contrário, vou notar que nem sempre faz sol. Às vezes chove. Mais do que eu poderia supor. Vou notar que os pais não se falam mais no café da manhã. Que a criança anda mais emburrada que o de costume. Que o motorista não pára o ônibus pros idosos. E que nem sempre os amigos estão felizes como eu suponho que pareçam estar. É assim que acontece. Quando você nota uma pequena goteira no telhado, logo aparece infiltração. Você não dorme pensando no telhado. Perde a disposição de enfrentar o dia seguinte. Perde produtividade, deixa de ser espontâneo, se arrasta pra responder um bom dia. Na hora de se preocupar com o que realmente precisa fazer, você está com sono demais. Cansado demais. Disperso demais. Quando você volta pra casa e consegue dormir, o telhado desaba na sua cabeça. O mundo inteiro desaba na sua cabeça. E você se muda para o terceiro andar de um prédio qualquer, porque tem medo de telhados e tem certeza que o apartamento do vizinho não vai cair em cima de você. Eu sei, eu exagero nas metáforas, mas faço isso pra que você entenda que não é fácil. Mas deixa estar. Não há o que fazer. Eu juro, juro mesmo, que não me arrependo de nada, nada, nada... E sim, eu dou valor ao meu esforço. Esse é o meu jeito de seguir adiante. É que, de fato, não é culpa de ninguém. A gente se acostuma. Eu me acostumo. E no fundo, sei que devia ignorar. Principalmente quando sei que é por tão pouco. Sei que é isso que acabo fazendo sempre. Irremediavelmente. Até que alguém consiga desligar, por fim, todos esses sinais.





Será que um dia vou conseguir escrever sem referências musicais? rs

¹- "Muito pra mim é tão pouco. E pouco eu não quero mais" - Maria Rita.
²- "Deixa o verão pra mais tarde" - Los Hermanos.
E claro, tem uma citação óbvia de Cazuza ali no meio, mas já está identificada. ;-)

1.4.12

Pra te guardar

99/365 it feels so right now
Foto: Melina Souza
Agora que eu vou embora e tenho que guardar tudo o que deixei espalhado, me pergunto onde vou guardar você. Para que lugares você é grande demais? Para onde é pequeno? No coração não posso te guardar. Você sabe, eu não seria um bom hospedeiro. As coisas aqui dentro andam sempre confusas, tumultuadas e eu tenho medo que você se quebre. Você estraga? Fico com medo de te guardar e você pegar mofo, ser comido por traças... Essas coisas que acontecem com as coisas que guardamos por muito tempo. É que eu vou demorar a voltar. Já tinha contado? Você já se desfez daquela sua cara de pau que eu tanto gosto? Tenho medo de você pegar cupim. Pensei em todos os lugares lindos que conheci e que te serviriam de morada. Aquele bangalô na praia paradisíaca. A cabana no campo ou a barraca no camping. Quem sabe aquela cidadezinha histórica, no interior? Não... Nada disso. Acho que vou te guardar dentro da cena daquele filme. Aquele que eu tanto amo, sabe? Poderia também te guardar na minha estante, no meio dos meus livros. Poderia te guardar naquela caixinha onde guardo os ingressos dos shows mais incríveis que eu já fui. Ou no meio das músicas que eu mais escuto. Você poderia morar dentro do meu armário ou embaixo do meu travesseiro. Mas eu queria te guardar no melhor lugar do mundo. No lugar mais confortável para você viver. Acho que vou te guardar dentro de um abraço. Assim, bem gostoso, bem Malwee. É isso, está decidido aonde vou te guardar. O abraço é o melhor lugar do mundo. É o mundo de um recém-nascido. É para onde as crianças correm quando caem e se machucam. Pra onde corremos quando temos medo do escuro, do futuro ou do bicho-papão. É o que as mulheres anseiam pra dormir em paz. É o que os idosos esperam da família a quem se dedicaram por tantos anos. É o que o corredor espera na linha de chegada. É pra onde o jogador corre depois que a torcida grita "gol". Vou te guardar dentro de um abraço quente, seguro e confortável. Um abraço que te cegue e te ensurdeça com minha presença quando eu não estiver aqui. Um abraço que faça soar a minha voz, quando tudo que restar for o tic tac dos relógios. O abraço é capaz de confortar, de consolar, de celebrar, de despedir ou de cumprimentar. Estou convencida que um abraço pode quase tudo. Acho que o abraço é o melhor e mais aconchegante lugar do mundo. É lá que eu vou te guardar. Dentro de um abraço que nos caiba. Dentro de um abraço que nos baste.

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
Expresso pra Dois © Todos os direitos reservados :: Ilustração por Rafaela Melo :: voltar para o topo