15.7.08

Cartas a entes queridos.

 
Querido,
Espero que você ouça com atenção todas as palavras que quero lhe dizer, pois são muito importantes pra nossa relação daqui pra frente. Sei que você não faz parte da família, mas já está conosco há tanto tempo, que eu já te considero um parente próximo. Confesso que quando eu era criança, tinha muito medo de você. Você sempre com essa expressão mal-humorada, esse ar ranzinza, esse olhar assustador... Não duvido nada que meus filhos também terão medo de você. Naquela vez que eu passei a noite inteira chorando de medo de você, tenho a impressão de ter te ouvido rir de mim. No mínimo você deve me achar patética por sempre me esconder de suas aparições. E de fato, até hoje, não confio em você. Não é que você ainda me assuste, mas você nunca me pareceu confiável. No entanto, agora que somos adultos, acho que posso lhe dizer tudo isso com clareza. Por isso resolvi te escrever. E sabe por que também? Porque eu gostaria de lhe pedir um favor... Eu gostaria de pedir que você pare de aparecer de surpresa, que devolva a chave da minha porta e que pare de se sentir em casa na minha casa. Sei que você está aqui por algum motivo e que eu deveria parar para ouvir o que você tem a me dizer ao invés de fechar a porta na sua cara e te ignorar. Mas infelizmente, eu sou teimosa demais pra dar o meu braço a torcer. Não vejo como posso aprender algo de bom com alguém que já me fez tanto mal. Por favor, não fique magoado comigo, mas eu quero que você pegue tudo que é seu, vá embora e não olhe pra trás. Sei que você encontrará outra cama de uma criança assustada pra morar em baixo. Eu não preciso mais de você, saia debaixo da minha cama, Monstro. Você já pode ir...
E apague a luz quando sair, que eu enfim vou dormir em paz!

Adeus
Senti falta dos contos...
Voltando a programação normal ;o)

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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