26.7.13

Da preguiça e Procrastinação

Às [22/52]
Fotografia: Carol Rodrigues

Hoje eu decidi que ia postar algo nesse blog.
Fiquei uma média de seis horas com a aba aberta. Em branco. E mais nada.
Percebi que fiz isso as últimas vezes que pensei em algo para dizer aqui.
Ou bateu preguiça, ou desisti do post, ou desisti do argumento, ou não tinha argumento, ou... São muitos "ou's".

Fato é que, se eu procrastinei até as decisões importantes da minha vida, porque não faria com o blog?
Toda errada, eu sei... Fazer o que?

Eu demorei quase 30 anos para descobrir o que eu queria da vida.
E enquanto não descobria, ia procrastinando os outros cem milhões de coisas que eu poderia ir fazendo. Mas eu tinha (tinha?) uma preguiça maior do mundo. E não fazia (fazia?) nada. 
Então eu descobri, depois desses cem mil anos sem saber o que fazer da vida, que você só descobre o que quer, tentando o que você acha que quer e descobrindo se quer ou não aquilo.

Ficou confuso. Tipo eu. Vou explicar.

O que eu deveria ter feito da vida há cem mil anos atras:
Mesmo sem saber que eu queria fazer X coisa, deveria ter feito Y. Se no meio do caminho visse que Y não era pra mim, tentaria Z. Se descobrisse que não gosto de Z, tentaria W... Assim iria ate chegar no X.
Mas a preguiça e a procrastinação sempre foram mais fortes e eu fiquei esses cem mil anos todos, procurando meu X da questão em lugares onde ele não estava. Tipo, procurando letras onde só existem números.
E eu até tentei encontrar outros caminhos, e invariavelmente acabaria chegando no meu X, mas não cheguei a dar nenhum passo.

Porque eu sou meio assim, sabem? No meu mundo fantástico de idéias, tudo funciona, tudo acontece, tenho vários momentos de iluminação e decido por vários caminhos possíveis... que nunca sigo.
Até Alice ficou menos perdida em Wonderland. Eu deveria ter levado mais a sério aquele papo de "Para quem está perdido qualquer caminho serve".
Muitas vezes eu achei que tinha encontrado um caminho e parei num beco sem saída.
Beco esse, onde eu sempre me acomodava irracionalmente procrastinando algo que eu deveria fazer de imediato: voltar e tentar outra direção.

Acho que o meu maior problema, desde que nasci (#dramaqueen) foi decidir as coisas. Boto a culpa no signo, boto a culpa na preguiça, na lua, nos astros, no universo, em Murphy... Mas a culpa é minha mesmo!
Eu DEMORO para tomar decisões concretas! E depois, demoro a agir.
Alguém deveria ter me explicado, por mais implícito que seja, que eu não tenho (não tinha) todo o tempo do mundo.

Eu demorei quase cem mil anos para decidir ser adulta. E ainda não aprendi a ser. Aliás, não aprendi nem a me vestir como tal. E sempre que preciso explicar para alguém porque não quero ou não gosto de algo, tenho vontade de me jogar no chão, chorar e espernear um "porque não! porque não e pronto!" como se tivesse cinco anos. Mas não faço isso. Por fora.

Demorei quase dez anos para aceitar que algumas coisas simplesmente acontecem nas nossas vidas sem que tenhamos (muita) culpa ou (total) responsabilidade. 
Demorei quase cinco anos para superar, mesmo que parcialmente, traumas e bloqueios que eu mesma me impus.
E demorei quase cem mil anos para ME perdoar por ter feito isso, por viver assim, sempre amputando o que eu poderia viver de bom em nome do que eu vivi de ruim.

E hoje eu vejo como a vida fica mais leve quando você, simplesmente, consegue SE deixar respirar sem tanta neura.
Quando você escolhe um caminho, sem ficar pensando o tempo todo nos outros caminhos possíveis.

Eu demorei quase 30 anos para descobrir o que eu queria da vida.
E a verdade, é que eu ainda não sei, mas agora tenho um palpite.
Ainda não consegui me perdoar por não ter feito nada da vida enquanto não chegava a esse palpite. Constantemente fico avaliando quanto tempo ainda tenho para tentar-errar-tentar outra vez. 
Ainda me culpo muito porque deveria ser menos preguiçosa, porque deveria ter me arriscado mais e porque deixei a vida pra depois, depois e depois. (mais um pouco é a letra de Epitáfio)
Mas estou tentando coisas novas. E se nessas tentativas eu descobrir o que não quero, já risco um tópico da lista de possibilidades.
Eu nunca fui boa com escolhas, mas estou tentando fazer as coisas sem pensar muito nisso.

Vai que dá certo?

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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