13.8.14

Pra quem você conta seus segredos?

Olá amiguinhos
Eu vou começar o post falando de uma coisa, pra falar de outra e fechar com uma terceira. Estão preparados? Prometo não enrolar e nem me perder, dessa vez fiz até um roteirinho. Vamos lá?



• Pra começar, vamos falar da questão número um: "confiança".

Me respondam uma coisa: vocês sabem o que é confiança, o que é confiar? Vamos no Aurélio.

Confiar é: 1. Entregar (alguma coisa) a alguém sem receio de a perder ou de sofrer dano. / 2. Revelar. / 3. Ter confiança / 4. Ter fé, ter esperança. / 5. Acreditar / 6. Entregar-se cheio de confiança.

Agora respondam: em quem você confia? A quem você se entrega?
E quando eu pergunto a quem você se entrega, não estou falando (só) sexualmente não. Mas vocês já pensaram o quanto as relações humanas são dependentes de uma entrega? 
A relação que você com seus pais, é um entrega de amor, de aceitação. Não é não? A relação que você tem com os seus amigos, é um ato de entrega. Você entrega a eles a sua amizade, a sua confiança, as suas histórias, suas experiências... E você espera que eles se entreguem a você também, certo?
Em um momento você está entregando a eles uma experiência sua, em outro você está recebendo a deles.
Entenderam essa pate? Ok? Então vamos lá.
Para quem você se entrega?

-Eu me entrego em tudo que eu faço, eu confio no meu coração!

Ok! Você pode dizer isso. Então deixa eu falar mais um pouquinho.
Eu tenho visto por ai pelas redes sociais da vida, pessoas se expondo demais, se abrindo demais, se entregando demais. E o pior: para pessoas que sequer conhecem.
Eu estava participando de um grupo no Facebook, sobre organização e o que eu menos via nesse grupo, eram dicas de organização. Acho que 99,9% do grupo eram mulheres. E 99,9% dos posts, eram coisas pessoais que na realidade não interessavam a ninguém. Coisas como "olhem essas fotos da minha casa", "hoje cozinhei isso pro meu marido", "meu marido reclama que eu não faço nada direito, o que faço?", "estou triste porque hoje blablabla", "olhem isso aqui que comprei"... Fora os inúmeros pedidos de opinião para gente desconhecida sobre coisas íntimas. 
Oi? Na moral, gente? Pra que? 
Pela carência de falar da própria vida? Porque você não faz isso com quem é realmente seu amigo e em quem você realmente pode confiar?


• Aqui entramos na questão número dois: em quem confiar.

Você entra em um grupo do Facebook com 40.000 pessoas e começa a pedir opinião sobre a sua vida para aquelas pessoas que você nunca viu antes. Então você recebe centenas de comentários sobre a sua questão. Alguns são legais, porque existem muitas pessoas legais lá. mas muitos são escrotos, e vou te dar 3 razões pra isso:
1- Algumas pessoas são escrotas
2- Algumas pessoas têm prazer em pisar, em destruir, em sacanear e esculhambar com outros
3- Você permitiu isso

Quando você chega e pergunta algo, você está abrindo espaço para que respondam. Não é óbvio? E a pessoa pode responder qualquer coisa. Inclusive coisas que você não quer ouvir. Não dá pra ser ingênua e pensar que as pessoas vão ser legais porque você é legal, porque você é bonita, porque você está sofrendo ou porque você acredita nas pessoas. Algumas vão ser escrotas com você justamente por esses (e outros) motivos. Vide os nossos queridos haters.
Eu acho que isso se resolveria, simplesmente, sabendo em quem você pode ou não confiar.
Se você quer desabafar sobre os seus problemas, não faz isso no Facebook não. Procura seus amigos de verdade. Procura sua mãe, seu pai. Procura quem se importe com você, porque sinto lhe dizer, essas pessoas não estão nos grupos do Facebook. E aí não vou nem falar só dos grupos. 
Me respondam: vocês conhecem REALMENTE todo mundo que está na sua lista de amigos do Facebook?

O meu, por exemplo, tem gente que me adiciona por causa do blog, do flickr, do site, da loja da minha mãe que eu administro, por causa do meu trabalho de fotografia, porque é fã de algum artista que eu fotografei, porque é amigo de alguma modelo que fotografei... Enfim.
Eu que não vou chegar no meu Facebook e contar as minhas angústias, porque pra mim o Facebook é uma diversão, é um meio de manter contatos profissionais, de manter contato com amigos, de ver ideias bacanas nos grupos e compartilhar meu trabalho. Você já analisou quem está na sua lista de amigos do Facebook? Você sabe quem são seus amigos mesmo? Tipo MESMO?
Agora, se você não sabe em quem você pode realmente confiar, vamos fazer uma análise?
Vamos!

Eu vejo muitas pessoas dizendo "eu te amo" para pessoas que não amam.
Eu vejo muitas pessoas chamando de "amigos", gente que não conhecem direito.
Eu vejo muita gente contando segredos, pra quem não sabe se vai guardar, pra quem não sabe se pode realmente confiar, se conhece realmente essa pessoa.
Aí acontecem coisas do tipo: você conta uma ideia genial que teve, e vê a sua ideia sendo executada por outra pessoa. Você fala algo sobre alguém e a pessoa acaba sabendo o que você disse. Você conta o quanto acha um carinha sensacional e acaba vendo ele com a pessoa pra quem você confiou.
Isso pra pegar exemplos bem básicos, a coisa pode ser muito pior.


• Agora vamos entrar na terceira questão que vim propor: decepção.

A confiança que você tem em alguém, pode ser a sua ruína. A confiança é uma força e uma fraqueza ao mesmo tempo.
Quando você confia em alguém que confia em você, a relação é forte. É muito bom saber que você pode confiar, pode contar com aquela pessoa. E é muito legal quando você sente que aquela pessoa também confia em você. Mas quando a relação é unilateral, você está ali, entregando seu coração para a pessoa errada. Quando você se entrega para alguém, você fica vulnerável àquela pessoa. Você fica exposto a ela. Você corre o grande risco de ter sua confiança quebrada e se decepcionar. E não tem nada pior do que se decepcionar com uma pessoa que você confia.
Confiança quebrada é a maior decepção que você pode ter.

Eu já ouvi muita gente dizer "confie apenas em si mesmo". Mas a verdade é que nem a gente confia totalmente em nós mesmos. O ser humano é inseguro, precisa se reafirmar às vezes. Precisa ouvir opiniões contrárias. Precisa se contradizer. E além de tudo, o ser humano tem tendência a se auto-sabotar.
Que atire a primeira pedra quem nunca!
A gente vai amadurecendo e aprendendo a parar com isso, mas é humano e comum agir assim.
Então meus amores, se a gente não confia nem na gente 100%, porque entregamos nossa confiança a qualquer um como se fosse doce em dia de Cosme e Damião? 

A primeira coisa que você precisa fazer para evitar se decepcionar com as pessoas, é começar a confiar mais em si mesmo. A acreditar mais em si mesmo. 
Depois você precisa conhecer melhor as pessoas que você confia e ver se você pode mesmo confiar nelas.
E nem assim você vai estar livre de ter sua confiança quebrada e se decepcionar.
isso é importante dizer: você nunca estará livre de se decepcionar, mas precisa saber o que você vai fazer e como vai agir quando acontecer. (mas isso é outro papo)


• Agora que já falamos sobre confiança e em quem confiar, vamos falar sobre a quarta e penúltima questão: bullying virtual / cyber bullying.

Esse tópico reúne tudo que eu já falei até agora, mas principalmente que: você não sabe quem são as pessoas por trás dos perfis das redes sociais e que muitas delas são realmente escrotas.
Aqui no blog mesmo, já teve gente que vinha pelo simples prazer de me atacar. Já teve gente no twitter que foi me xingar por não concordar com algo que eu disse. Já teve gente no Flickr me xingando pra criticar alguma fotografia que postei. Já teve gente me dizendo que eu sou feia e devia parar de fotografar. Já teve gente (vejam só) me difamando como plagiadora quando na verdade o texto original era (ta dááá) MEU!
E isso tudo com assuntos, sei lá, triviais. Assuntos que jamais justificariam um ataque gratuito.
Eu gosto muito de internet, gosto muito de redes sociais e adoro blogs.
Eu gosto de compartilhar minhas opiniões aqui, gosto de compartilhar coisas legais nas minhas redes sociais e me sinto feliz com isso. Me sinto feliz quando recebo respostas positivas, quando as pessoas gostam de alguma ideia minha ou chegam para somar ideias e trocar experiencias bacanas. Isso é muito legal. Mas como tudo na vida, tem dois lados.
A internet é o local perfeito para a reprodução dessa espécie esquisita que chamamos de Trolls ou Haters. Que são pessoas extremamente insatisfeitas com a alegria alheia. Pessoas infelizes que se sentem poderosas quando protegidas pelo anonimato.
Tem gente que faz questão de ser desagradável, de espalhar comentários maldosos sem se importar o que a pessoa que está lendo sente.


A imagem acima ilustra muito bem o que estamos falando aqui. É de uma artista Kate Leth e se chama "Don't be a Dick" e você pode ver o link original e conhecer o trabalho da artista clicando aqui.
Eu até vi uma versão traduzida, mas o português estava errado e eu preferi postar a original.
Pra quem não entendeu muito bem, a imagem diz o seguinte:
Lembre-se:
As coisas que você vê na internet são feitas por pessoas.
O artista do outro lado da tela... É uma pessoa.
Quando você escreve um comentário de merda (por qualquer razão) sobre uma arte...
Você está magoando um a pessoa real, como você!
Tem cretinos o suficiente na internet. Não seja mais um.
Eu nunca vou entender, porque as pessoas se sentem bem em ofender e magoar as outras. Em atacar, desmerecer, humilhar gratuitamente gente que sequer conhece.
Já experimentaram ler, por exemplo, comentários nos canais do youtube?
Eu acompanho vários, de várias blogueiras, vlogers e eu adoro, mesmo, muita gente que faz videos no youtube. E eu tenho sempre um mantra de "não leia os comentários, jamais leia os comentários". Porque é assim: ahh sua puta, sua gorda, sua escrota. E por ai vai.
É clichê falar isso, mas as pessoas ficam perdendo tempo para ofender as outras ao invés de cuidarem de suas próprias vidas.
Como eu disse anteriormente, a internet é o local perfeito para a ação dos Trolls, por ser, justamente uma atitude covarde. A pessoa se esconde no anonimato, num personagem. E se sente livre para fazer o que quiser. 
A tirinha abaixo, do site Malvados, ilustra isso muito bem: 



• Com base nisso, vamos entrar na quinta e última questão desse blog e motivo de eu ter escrito tudo isso: Secret

Secret é um aplicativo onde o usuário pode contar "segredos" de forma anônima. Esse segredo pode ser visto e comentado por qualquer pessoa, também de forma anônima.
O aplicativo forma a sua rede de contatos através da sua lista de amigos no Facebook (e contatos no celular também, segundo li). Quando alguém posta um "segredo", toda a lista recebe um alerta, porém, sem a identidade do autor.
Com isso você vê o que um possível amigo esta confessando. Ou um amigo do seu amigo.
Quem acha que isso vai dar merda levanta a mão! Não precisa, porque já deu!
Está rolando processo e tudo, não vou me aprofundar - usem o Google. Mas muita gente está aproveitando o anonimato para difamar, atacar, ofender e etc. 
O anonimato favorece o ato. Tenho uma amiga que saiu do Secret depois de ver uma postagem de alguém mostrando foto de uma menina nua, aparentando ser menor de idade.
Conseguem perceber o quento isso é sério? 
Conseguem perceber que esse aplicativo é uma ótima oportunidade para os trolls e haters praticarem seu cyberbullying?

Essa semana recebi várias vezes o convite para o Secret. 

-Já fez um Secret?
-Não
-Faz lá, tô viciado
-Lembra que você criticou aquele outro app Lulu?
-Mas esse não tem nada a ver
-Sério? Um app anônimo pras pessoas falarem o que quiserem sem o outro saber quem é você?
-Mas não é de avaliação sexual
-Mas vai acabar sendo, não dou uma semana

-Você já viu esse Secret?
-Já
-Você está lá?
-Não
-Eu tô, é muito engraçado, falam cada coisa...
-Justamente por isso não estou


-Você está no Secret?
-Não
-Poxa, então baixa lá, é muito legal, tem no android e ios
-Ahh não me interessa não
-Como não? É um app anônimo pras pessoas contarem segredos lá. Muito engraçado, só falam merda.
-...


Alguns de vocês vão dizer: ahhh mas tem pessoas legais, é engraçado, tem umas confissões que eu ri muito. Ok, eu acredito. Eu vi algumas numa página do facebook que posta as mais engraçadas. Mas eu não me sinto a vontade de participar de algo assim. Eu simplesmente acho que eu não preciso me sujeitar a isso.
Pra que vou entrar num trem desses, minha gente?

Eu prefiro contar os meus segredos para:
1- Alguém que eu confie.
2- Alguém que eu possa realmente confiar
3- Alguém que não vai me decepcionar
4- Alguém que não vai me atacar, me ofender ou me trollar
5- Alguém que não precise se esconder atras de um anonimato de aplicativo para dar sua opinião.
E aí estão, cinco tópicos para refletir.

Desculpem pelo texto imenso, eu realmente tentei resumir e não soube como!
E se você discorda de algum ponto, deixe aqui seu comentário e vamos conversar. A menos que você seja um troll, porque aí a minha melhor resposta vai ser te ignorar!

Tchau amiguinhos, beijo nas kiança!

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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