14.10.08

Dos Fatos Inesperados

ou como inesperadamente me encontrei com Renato Russo


Tudo que acontece na vida surge de forma inesperada. Besta é quem acha que tudo parte de um planejamento. Você pode até planejar e executar algumas coisas com sucesso, mas os grandes acontecimentos - bons ou ruins - acontecem inesperadamente.
Como por exemplo, a morte de um parente próximo, o fim de um relacionamento, uma decisão repentina, uma mudança brusca... É de repente que você se vê obrigado a encarar uma nova rotina, uma nova realidade, um novo motivo...
Acontece. Ás vezes é bom e ás vezes não. Ás vezes é tudo que você precisava e outras vezes é tudo que não queria.
Mas acontece...

E me aconteceu de ter que encarar uma nova realidade de uma hora pra outra e foi esse o motivo do meu sumiço. Eu precisava respirar, colocar a cabeça no lugar porque os últimos acontecimentos tinham sido demais pra mim.

Ás vezes, por mais forte que você seja ou que te considerem, você cai tão feio que fica muito difícil se levantar sozinho. Eu caí muito feio e quase não consegui me levantar. Tive todo apoio que eu pedi e inesperadamente, de onde menos esperava e mais apoio do que esperava.
Tudo faz parte de um ciclo que termina para que outro comece e com um impulso e a ajuda certa, você acaba se levantando.

Eu continuo achando que a minha dor não passa na tv e não precisa passar num blog. Também descobri que não posso e não quero usar esse blog como um filtro de tudo que me acontece e que existem meios menos expostos de descarregar aqueles vômitos sentimentais que nos fazem tanto mal. Eventualmente acontece e eu posso acabar fazendo, mas é algo que eu já entendi ser desnecessário ou ter um momento certo.

Inesperadamente, acontecem coisas que te fazem perder a direção, que bagunçam teu caminho e te fazem perder o rumo. E de repente, você precisa encontrar outro.
Outras coisas pra sentir, pra viver, pra pensar, pra fazer...

E falando de novas coisas pra fazer, de repente eu estava em casa, com um amigo ao telefone, quando vi e comentei uma propaganda da peça "Renato Russo" com Bruce Gomlevsky, penúltima semana, em cartaz no Teatro João Caetano.
Sempre quis ver essa peça e das vezes que esteve em cartaz aqui no RJ acabei não indo por falta de companhia ou de dinheiro.
De repente:
-Vamos?
-Vamos. Quando?
-Hoje, semana que vem não posso.
-Mas.. mas... hoje?
-É, vamos. Eu vou!
-Mas eu... mas não vai dar tempo... mas eu moro longe... a hora... mas...
-Vai sim, vamos!
(algum tempo depois)
-Ei, eu vou!

Pelo Twitter, chamei a Talita e ela também foi.
Chegamos em cima da hora e quando entramos no Teatro, o "Renato Russo" já estava no palco. Sim, era ele!
Não, não era o Bruce Gomlevsky, era o Renato Russo mesmo!
Senti aquele arrepio que só mesmo um fã incondicional poderia entender.



Bruce Gomlevsky como Renato Russo


No monólogo acompanhado pela banda Arte Profana, a vida do líder da Legião Urbana é narrada cronologicamente desde os 15 anos de idade, em Brasília, até o final da vida consumida prematuramente pela doença.
Sempre fui fã de Legião e um dos maiores desgostos da minha vida foi nunca ter ido a um show sequer. Quando tive a oportunidade, era pirralha e minha mãe não me deixou ir.
Claro que, rebelde como era, briguei dias e dias por não ter ido e nunca me conformei com o impedimento.
Quando Renato Russo morreu, eu chorei o dia inteiro. Gritava com a minha mãe que ele tinha morrido e eu não o tinha conhecido pessoalmente, nunca tinha ido ao show da Legião por culpa dela. E por culpa dela* nunca mais poderia ir.
No dia seguinte, comprei o cd "A Tempestade", que eu estava enrrolando pra comprar e passei o outro dia inteiro chorando ouvindo as músicas que o Renato tinha feito e concordei com a crítica que dizia que era o cd mais triste da Legião.

"É tão estranho, os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora cedo demais."



Essa é uma das fotos que eu mais gosto...


Da rebeldia á dor, da alegria á depressão, do nascimento do filho á descoberta da doença, os momentos mais marcantes, mais importantes... Tá tudo lá, no palco, pra que quiser ver, ouvir e se emocionar.
Ao final do espetáculo, Bruce agradeceu a presença de todos dizendo que naquele mesmo dia completavam 2 anos em cartaz com a peça e homenageavam os 12 anos da morte do Renato.
Um arrepio subiu á pele naquele instante e um frio na boca do estômago me deixou de olhos arregalados. Pensei: "Caraca, é mesmo, hoje é 11 de outubro". Eu e Bruno ficamos nos olhando estupefatos, Talita ficou sem ação e nessas horas só um palavrão traduz: PQP!
Não, não combinamos de ver a peça exatamente nesse dia. Foi de repente, sem relação e emocionante - até mesmo por esse dado que só ficamos sabendo no final.

Renato Manfredini Jr. faleceu no dia 11 de outubro de 1996. A música brasileira perdeu um dos seus maiores ícones. Se não me engano, hoje ele teria 48 anos.


|| Urbana Legio Omnia Vincit || Força Sempre ||




Pra quem quiser assistir a peça:
Teatro João Caetano
De 22/08 a 19/10 - Sex, Sab e Dom
Horário: sex e sab, às 19h30; dom, às 18h30
Preço: R$20,00 - R$10,00 (meia)

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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