desconheço a autoria
O quarto está escuro, mas a luz da lua não deixa a escuridão ser completa. A música está alta, os pensamentos estão longe, tão longe que não consigo compreender o que dizem. Um cachorro uiva na rua enquanto afundo a cabeça no travesseiro mais um pouco. “Preciso pintar as paredes” – penso olhando para o teto – “elas parecem sujas”. Tem um livro ao lado do meu travesseiro, um romance água com açúcar, e mais uns cinco ou seis espalhados pelo chão. Passei os olhos em todos antes de me deitar e ligar o som. Já é tarde e eu já teria desligado a música se soubesse onde está o controle, mas não quero me levantar agora para procurar. “Eu deixei as gavetas abertas” – aconselho-me – “vou acabar tropeçando”.
Fico deitada e conforme o tempo passa, o quarto vai ficando mais claro ao invés de mais escuro.
A Lua... Ela! Sim! Noite fora, noves fora, dentro zero, solidão. O corpo está inerte, o rosto sem expressão. Ajeito o travesseiro e respiro fundo. Cheiro de vinho na caneca. Boa safra, boa dose, boa paz no quarto pequeno. Um tanto de silêncio! Um tanto de tristeza, outro tanto de sereno. “Preciso comprar prateleiras” – penso acusando as paredes – “esses livros não podem ficar pelo chão”.
Precisaria de uma prateleira bem resistente. Essa vida não pode ficar pelo chão.
Acaba a música, acaba o vinho, acaba a noite. Agora é fechar gavetas, recolher os livros, pintar as paredes e comprar prateleiras. A vida não pode ficar assim escura, barulhenta, suja, aberta, jogada num canto qualquer! Há de se cuidar, pra iluminar aquilo que ainda não escureceu completamente.
A Lua... Ela! Sim! Noite fora, noves fora, dentro zero, solidão. O corpo está inerte, o rosto sem expressão. Ajeito o travesseiro e respiro fundo. Cheiro de vinho na caneca. Boa safra, boa dose, boa paz no quarto pequeno. Um tanto de silêncio! Um tanto de tristeza, outro tanto de sereno. “Preciso comprar prateleiras” – penso acusando as paredes – “esses livros não podem ficar pelo chão”.
Precisaria de uma prateleira bem resistente. Essa vida não pode ficar pelo chão.
Acaba a música, acaba o vinho, acaba a noite. Agora é fechar gavetas, recolher os livros, pintar as paredes e comprar prateleiras. A vida não pode ficar assim escura, barulhenta, suja, aberta, jogada num canto qualquer! Há de se cuidar, pra iluminar aquilo que ainda não escureceu completamente.
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