8.4.10

Noves Fora


desconheço a autoria


O quarto está escuro, mas a luz da lua não deixa a escuridão ser completa. A música está alta, os pensamentos estão longe, tão longe que não consigo compreender o que dizem. Um cachorro uiva na rua enquanto afundo a cabeça no travesseiro mais um pouco. “Preciso pintar as paredes” – penso olhando para o teto – “elas parecem sujas”. Tem um livro ao lado do meu travesseiro, um romance água com açúcar, e mais uns cinco ou seis espalhados pelo chão. Passei os olhos em todos antes de me deitar e ligar o som. Já é tarde e eu já teria desligado a música se soubesse onde está o controle, mas não quero me levantar agora para procurar. “Eu deixei as gavetas abertas” – aconselho-me – “vou acabar tropeçando”
Fico deitada e conforme o tempo passa, o quarto vai ficando mais claro ao invés de mais escuro.
A Lua... Ela! Sim! Noite fora, noves fora, dentro zero, solidão. O corpo está inerte, o rosto sem expressão. Ajeito o travesseiro e respiro fundo. Cheiro de vinho na caneca. Boa safra, boa dose, boa paz no quarto pequeno. Um tanto de silêncio! Um tanto de tristeza, outro tanto de sereno. “Preciso comprar prateleiras” – penso acusando as paredes – “esses livros não podem ficar pelo chão”.
Precisaria de uma prateleira bem resistente. Essa vida não pode ficar pelo chão.
Acaba a música, acaba o vinho, acaba a noite. Agora é fechar gavetas, recolher os livros, pintar as paredes e comprar prateleiras. A vida não pode ficar assim escura, barulhenta, suja, aberta, jogada num canto qualquer! Há de se cuidar, pra iluminar aquilo que ainda não escureceu completamente.

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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