11.1.11

Balanço Atrasado


Cath Schneider

Adiei tanto escrever esse texto,que quase faço um balanço de 2011...
Na verdade, eu NÃO ia escrever nada. Mas tem tanta coisa martelando na minha cabeça, que resolvi parar de poltronice e escrever de uma vez.
Vou tentar praticar a arte da Síntese. Mesmo porque, 2010 já foi há tanto tempo que eu mal lembro o que aconteceu nos 365 dias passados. Mentira! Tá, talvez só meia mentira.

Foi uma conversa no twitter que me fez pensar no que eu vou escrever agora. Porque às vezes, por uma formiga que passa no seu pedaço de bolo, te faz jogar o bolo inteiro no lixo.
E era isso que eu estava fazendo com o meu 2010.
Tudo bem, às vezes não foi necessariamente uma formiga no seu pedaço de bolo. Pode ter sido uma barata ou um rato. Mas como essa analogia já está nojenta demais, vou mudar de ângulo.
Meu 2010 não foi o pior ano da minha vida, nem foi o ano em que eu mais (com o perdão da palavra) me fodi. Embora eu dissesse que sim.
Que estupidez a minha. Ingratidão é a pior reação do cerumano (sic).

Ontem, no Twitter, a timeline estava ENTUPIDA de informações sobre a novela. E céus... quer trama mais enrolada do que de uma novela das oito? Pois eu te digo: a vida real. (onde é que troca de canal?)
Balanço de fim de ano é que nem último capítulo de novela. É contar quais personagens morreram, quais se deram mal, quantos se deram bem, quantos casaram, quantas crianças nasceram...
A diferença é que não aparece um "The end" do lado de cá da tela.
Uma história termina e outra começa. Duas novelas não passam no mesmo horário em um único canal. Nem que você tenha uma vida dupla.
Mas e aí? Aí você fica se perguntando onde o autor quis chegar com toda essa história? E você? Onde você chegou no meio disso tudo?
Eu sei que eu cheguei longe. Talvez pudesse ter ido além, mas o que não coube em 2010, jogo pras metas de 2011. E vamos que tem chão.

Mas eu entrei numas de fazer balanço né? Justo eu que não entendo nada de números e contabilidade...
Então tá. Eu comecei a listar e relembrar os porquês de 2010 ter sido gentil comigo, apesar de toda a minha indiferença e mau humor.
E me surpreendi com o tamanho da lista de coisas boas sobrepondo-se às ruins.
E como o Sanches me disse, não é legal julgar um ano inteiro como perdido por causa de um ou dois períodos de inferno astral. E às vezes o inferno astral dura bem pouco, viu?
A gente que é tão acostumado a viver pensando no pior, que se acostuma a ver só o lado ruim das coisas. Quando devia ser o contrário... Né?

E foram coisas realmente boas que me aconteceram. E só não quero ficar listando aqui, porque se tem uma coisa que eu aprendi esse ano, é que não se deve divulgar a sua felicidade. Sério! Não se deve panfletar alegria. Porque sempre vai ter alguém pra dizer que você está contando vantagem, querendo pagar uma de "não tenho problemas" e "sou melhor que você". Quando, na verdade, você só está mesmo contente com alguma coisa. Pode contar que a sua alegria vai incomodar alguém. E quanto mais você divulga a sua felicidade, mais mãos aparecem pra puxar o seu tapete.
Não estou dizendo que temos que andar olhando pros pés quando a vontade é sorrir pras nuvens. Estou dizendo, apenas, que quando você guarda as coisas só pra si, as chances delas durarem são maiores. Inveja mata, viu? Não mata a pessoa (ou quase nunca mata) mas mata o motivo da inveja.
Se a sua alegria for porque a sua rosa abriu o botão, pode contar que vai ter alguém afim de arrancar as pétalas quando você não estiver olhando.
Acredite: inveja e mau olhado são coisas REAIS, que te afetam DE VERDADE. Então, meus motivos de alegria são meus. Não os divido.

Mas enfim...
No ano que se passou, estive rodeada de pessoas que me interessam e se interessam por mim. Meus amigos, minha família... Teve gente que chegou, gente que se achegou e gente que se aconchegou.
Teve projeto que afundou, projeto que se iniciou, projeto finalizado. Um monte de objetivos alcançados. Mais um monte adiado.
TEVE O SHOW DO DAVE MATTHEWS BAND que eu consegui ir - e isso foi a realização de um sonho. E teve Lenine, O Teatro Mágico, Móveis, Banda Seu Chico e tantos outros shows incríveis que eu pude ir...
Teve o tanto de gente boa que eu conheci... Gente ruim também, mas esses eu excluo da contabilidade.
Um somatório de sorrisos, abraços, bagunças, lágrimas e alegrias.
No fim das contas, 2010 foi um ano muito bom pra mim.
O problema, foi que nos 45 do segundo tempo, Murphy resolveu que não deixaria 2010 passar barato assim. Ele resolveu brincar comigo e eu fui caindo no jogo. Quase joguei 2010 no lixo ao me deixar abater por Murphy - ou seja lá como resolvam chamar esse tipo de coisa.
O fato é que eu estava caminhando e Murphy botou o pé na frente. Caí de cara no chão e fiquei lá, sem querer levantar.
O problema é que mundo não espera que você se levante e limpe a lama da cara pra continuar girando. Né? Se você caiu do carrossel, você que levante e corra de volta pro brinquedo.
Tem uma música que diz assim: "Se meu mundo caiu, eu que aprenda a levitar".

Levitei.
E de onde eu estou, ainda vejo os escombros da parte que desabou.
Mas por sorte, todo o restante que eu tinha edificado antes, continua lá. No fim das contas, não foi "meu mundo" que caiu. Foi apenas um pedaço dele. Não foi o jogo inteiro perdido. Foi só um gol nos 45 do segundo tempo. E agora é outra partida. 2011!

Resolvi começar essa página em branco com festa, mais uma vez.
Cercada de amigos e pessoas queridas, comemorando com todas as forças do meu corpo o ano que se foi e torcendo para que as coisas ruins tenham ficado lá, no último dia do ano.
Porque só assim se pode ter renovação.
O 1º dia de Janeiro pode ser exatamente igual ao 31 de Dezembro, mas a gente sempre tem a chance de fazer algo diferente.
O que nos falta é originalidade para escrever uma história diferente. De repente, sem os velhos clichês de mocinhos e bandidos, amores e desamores, amizades e desafetos... Bla bla bla

Então, eu desejo (com um pouco de atraso) a todos que me lêem, um 2011 com mais originalidade.
Que não seja o mesmo roteiro, o mesmo script, o mesmo trailler de todos os anos. Que vocês se surpreendam na trama. Que se encantem com o desenrolar da história, que se frustrem com um ou outro personagem também, se não fica chato.
Mas acima de tudo, que sejam vocês mesmos a escrever a sua história. E nunca outra pessoa. E que vocês escrevam à lápis, pra poder apagar o que tiverem vontade.
Vida é sempre rascunho, nunca arte final!
Mas acima de tudo, acreditem que 2011 pode ser bom.
E será, se você deixar. Eu tô deixando...

Para 2011, tenho 3 palavras: Resiliência, Originalidade e Amadurecência.
No mais, desejo a todos que esse ano lhes venha tranqüilo.
E como diria Caio Fernando Abreu: Que seja doce!


desconheço autoria

Beijos
Ana Carolina

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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