3.8.11

Solidão de teto branco


Acordo com o dia e o calor derretendo meu inverno
Ainda faz frio aqui dentro, mas me esqueço que é verão.
A sombras dos pesadelos aos poucos dissipam-se do meu teto
E fico parada, identificando desenhos onde só tem tinta de reboco.
Um dia faço um poema nesse teto branco
Nem que seja só pra ter o que olhar quando acordo e não consigo levantar.
O corpo pesa, mas a alma pesa mais. Pesa o tanto que essa solidão me consome. Na mente de um escritor tem sempre uma morada de luxo pra solidão. Enquanto o amor mora numa choupana, cabana de madeira ou palafitas. O amor se veste de trapos, eu acho. Enquanto a solidão desfila com trajes de realeza.
Penso rimas, versos e estrofes inteiras. Penso na dor que pulsa na pena do meu tinteiro. Mas não escrevo. Existe uma dor imensa entre as palavras que escrevo. Mas nas que penso, só o teto branco enxerga.
Dissipa-se meu inverno. Mal suporto o calor entrando pela janela.
Não levanto para fechar as cortinas. Não levanto pra lavar essa minha cara de choro amarrado. Não sei se sofro. Não sei se morro.
Talvez morra um pouco cada vez que acordo. Não sei o que é feito de mim a cada vez que durmo. Não sei o que é esse nó no peito que me amarra a alma. Prende meu canto na garganta embargada de mágoas.
Existe uma solidão imensa no peito de um escritor. Um mau humor em não poder dizer inconveniências por querer. Existe uma estupidez pra proteger o que não faz sentido. No fim das contas é só mais um teto branco qualquer.
Quem sabe um dia eu pinte uma poesia?
Pra ver se pelo menos uma vez amanheço alegria.



Na mente de um escritor tem sempre uma morada de luxo pra solidão.
Enquanto o amor mora numa choupana, cabana de madeira ou palafitas

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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