14.11.07

Alegria, Alegria

Vamos mudar de Clima?


Ainda nem chegamos no Natal e já tem gente pensando no Carnaval.
Passando pelo centro comercial, uma loja de cds competia em volume ensurdecedor com os camelôs: “Alegria agora, agora e amanhã. Alegria agora e depois e depois e depois de amanhã”.
Pensei que Daniela Mercury estava fora de moda, porque essa música é do tempo que eu andava de shortinho colorido e imaginava como seria passar um carnaval na Bahia – coisas que hoje nem passam pela minha cabeça nem shortinho e nem carnaval na Bahia.
O grande mal dessas musiquinhas chicletentas, não, chiclete com banana é outro bloco – ou melhor, trio é que elas grudam na cabeça da gente e não adianta nem ligar o Ipod no ultimo volume pra ouvir música de verdade, porque quando você se distrai um minuto, esta batendo o pezinho no chão cantarolando “alegria agora...”
Em outras palavras, fiquei com essa musica na cabeça.
E fiquei pensando também por onde anda “essa alegria que me invade”.
Vou seguindo o caminho da minha felicidade dia a dia, um passo de cada vez “step by step” como dizem os amiguinhos da terra do tio Sam.
Eu não meço minhas palavras, não disfarço meus olhares, não evito meus sentimentos e tento sempre dar ouvidos á minha intuição.
Não gosto de evitar o que tenho vontade, mas ás vezes evito.
Tento – às vezes em vão – controlar a minha raiva, porque sim, eu tenho muita raiva de muitas coisas e pessoas – e isso é absolutamente normal. Tento guardar a língua dentro da boca para não ironizar com tudo que ouço e não acabar falando mais do que devia. Evito voar no pescoço de algumas pessoas pra não perder a minha razão e não acabar presa por agressão.
Mas eu não tento evitar o perigo que eu corro pelo simples fato de estar viva.
Preciso, assim como Zélia Duncan, sentir a altura do abismo pra poder fugir depois do perigo.
E não, não quero ninguém que me salve – eu careço desse risco.
É como nascer de novo a cada dia: você não sabe o que está acontecendo, mas está ali e agora tem muito que fazer antes de fechar os olhos novamente.

Separei todas as minhas saudades em ordem alfabética para senti-las uma de cada vez.
Coloquei palavras não ditas e olhares expressivos no mesmo prato para saboreá-los juntos e decidi degustar cada sobremesa de conquista com calma para não perderem o gosto muito rapidamente.
Se eu só me lembro das pessoas que eu amo enquanto eu respiro*, decidi também respirar mais devagar para senti-las perto de mim enquanto o ar entra e sai dos meus pulmões.
A minha alegria está nas coisas simples do meu dia, da minha vida...
É notar que existe sincronia entre minhas escolhas e teorias, perceber que eu tenho sido fiel a mim mesma e não tenho me deixado abater pelas ventanias que desfolham meu jardim.
É sentir a palavra de carinho daquele amigo querido, é o abraço descompromissado da mãe, o telefonema inesperado da prima, o casamento da amiga de infância... pequenas coisas que me arrancam sorrisos bobos do rosto.
Mas é como diz aquela música: “eu não consigo ser alegre o tempo inteiro” – mas quem consegue?

A minha alegria está no prazer de me enxergar plena, de ser quem eu sou e de gostar de ser a pessoa que me tornei – apesar dos mil defeitos que sei que tenho e dos dez mil que invento mesmo sem ter.
Minha alegria é rara, mas não escassa.
E é bela, mas não é cara – custa pouco, custa um sorriso apenas.
E a preço de liquidação!




*Alusão a letra de “O Anjo mais Velho” de Fernando Anitelli
“Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você”

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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