20.12.07

Encontro


Minha xícara de Expresso já esfria na mesa enquanto a cabeça pensa implosividades.
Impulsividades já tiram meu sono e eu não preciso de mais insônias do que as que eu já tenho.
Antes de fechar os olhos, eu era resposta das perguntas que não me faziam.
Hoje, eu tenho um milhão de perguntas não respondidas. Um arquivo enorme e empoeirado de perguntas catalogadas por letra, motivo e data. Muitas que eu gostaria de te fazer e mais um monte que eu queria fazer a milhares de pessoas no mundo – nesse e nos outros que eu ainda não conheço.
E é uma lista enorme de teorias, possibilidades e questionamentos – coisas que eu gostaria de saber e ainda não sei.
Já faz algum tempo que eu havia prometido parar de fazer perguntas sem sentido e perguntas que ninguém sabe a resposta.
E faz ainda mais tempo, que as perguntas que eu fazia não passam mais pela minha cabeça: cederam lugar a outras perguntas.
A minha mente borbulha com milhares de respostas para perguntas que não me fizeram e nenhuma delas serve para as perguntas que eu quero fazer.
Talvez algumas perguntas tenham nascido para não serem respondidas.
Ou talvez seja como você me disse, talvez eu precise apenas continuar procurando.
Às vezes, um carinho pode doer.
E se você estiver por perto, posso recriar a realidade sob um novo prisma de aprazimento.
Mas se eu esquecer o motivo desse renascimento, então tudo é dor.
Tudo é descontentamento e solidão.
E a verdade, aquela que me descreve a realidade que eu vivo, dói na alma ao preço de uma não realização.
É essa dor que eu ainda não aprendi a ter.
Continuo pensando comiserações nas frestas dessa espera.
E esse silêncio que me chegava de soslaio, já está aos gritos dentro de mim!
As luzes da noite que chega sorrateira, começam a ofuscar a esperança que havia acendido sobre a minha cabeça.
É uma chama que vai se apagando – como se de repente começasse a ventar e eu só tivesse velas ao invés de lâmpadas.
Acho que chegarei aos 90 anos sem ter respondido as perguntas dos 20 e tantos minutos em que este café esfria na minha mesa.
Mas me ocorreu, que eu talvez não precise de tantas respostas.
Talvez a liberdade esteja escondida atrás da comodidade de não precisar de respostas – de responder sem precisar falar, quem sabe com um olhar...
Eu insisto que não sou mais a mesma resposta das velhas perguntas.
Eu desisto de ser a pergunta de escassas respostas.
Talvez eu precise ser a ação ao invés da reação.
O ato ao invés do fato, o tato, as mãos, o gosto...
O gosto que eu gosto do cheiro que eu cheiro.
E ser a mulher do homem que eu amo...
O Expresso já esfriou e minha mente continua esquentando na proporção do teu atraso.
Antes, eu era uma pontuação. Hoje eu sou a frase inteira, com ou sem interrogação!
A realidade por trás de algumas palavras machuca mesmo quando elas não são ditas para machucar.
E isso é culpa dos meus pés grudados no chão – eles não conseguem acompanhar a minha cabeça na lua.
Ás vezes, entre virgulas, eu não compreendo a profundidade de uma verdade, mas sinto o ecoar da volúpia que me invade quando você chega e diz aquelas palavras que eu nem sabia que queria ouvir.
E de repente, já não me importo com o café esfriando na mesa...
Vai ver que eu não preciso mais de respostas...
Vai ver que encontrei meu renascimento no agora.


d-_-b - Silêncio...

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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