Éramos a busca.
A procura pela soma de duas metades que se completassem e que não fossem a divisão de lados opostos.
Eu era a voz que ecoava nos precipícios, tu eras a voz que ecoava nos meus sonhos mais ermos.
Éramos a incerteza e a dúvida que pairava no ar como bolhas de sabão, como o brilho falso do esmalte úmido nas unhas.
Eu era a peça que deixava a platéia sem reação. Tu eras o verbo que me deixava no palco sem conjugação.
Éramos a aurora e encerrávamos nossos dias com espetáculo que deixa o mundo boquiaberto
E sem saber
Sem saber, fui conjugar os verbos que ouvia você dizer. E sem querer, errei os pronomes e não soube flexionar os tempos dos teus verbos. Pra mim, era o ontem - e você sempre foi o amanhã! Quis te conjugar no presente como quem pressente o que virá.
Pela porta entreaberta, pelas frestas da janela - minhas verdades descobertas.
E toda aquela dúvida, aquela angústia que me cabia - coube dentro da caixa de esquecimentos.
Assim, enquadradas no meu silêncio, eu pude dizer as palavras que eu não sabia que queriam ser ditas.
Olhei nos teus olhos e eu não precisei verbalizar aquilo que você enxergou nos meus.
Não preciso me desculpar pelas palavras que eu não disse, porque só você consegue ler nos meus olhos o que eu não consigo te dizer.
Você sempre soube o que eu queria esconder e o que eu queria mostrar.
Você sempre soube quais eram as palavras, as cenas, meus atos falhos e acertos escassos.
De fato, o certo é o que você me acerta.
E no carnaval sem máscaras coloridas, eu vejo a dança dos pagãos numa avenida.
Mas aquelas cores falsas não me apetecem.
A vergonha de uma nação inteira exposta na tv.
O brilho fictício de uma glória sem nenhum orgulho.
E enquanto todos eles dançavam aquele samba com os pés no chão, eu bailava um xaxado pelo céu.
Gritávamos emocionados as palavras cantadas por um palhaço.
E ríamos de toda certeza que um dia foi dúvida.
Quando o abraço apertado se tornou algo público e sentimentos foram gritados pra quem quisesse ouvir,
Não havia mais preocupação com verbos, concordâncias ou acentuações.
Éramos reticências, heróis de uma epopéia que dispensava narrativas.
E agora que você não está mais aqui, todas as minhas palavras são serestas.
Não sei mais prosodiar desalentos e aprendi a sorver o mel das palavras que eram um azedume
Eu não sei de nada, mas canto as palavras que eu quero que você escute.
Éramos a pose, o sorriso no retrato que traz um pedaço de alegria num pedacinho colorido de papel.
Um amor... Será? Seremos!
Seremos o que nunca fomos pra esquecer quem éramos.
Somos uma saudade.
Aquela saudade refletida em um prisma - uma em cada face diferente, mas que no final, são todas iguais.
Quando compreendi que o silêncio não é angústia, senti o vento ecoar o som da tua risada.
E sorri pensando que essa tristeza até que é bem alegre.
Éramos a busca, hoje somos a espera.
E espero que você entenda as palavras desse manuscrito mal traçado, com essas letras garranchadas.
Desfaço os nós da poesia na inspiração dessas minhas palavras, para que você saiba o que eu disse e você não ouviu, mas poderá ler!
Your love is thick and it swallowed me whole
You're so much braver than I gave you credit for
That's not lip service
You've already won me over in spite of me
Don't be alarmed if I fall head over feet
Don't be surprised if I love you for all that you are
I couldn't help it
It's all your faults
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