7.12.08

Um Taxi...


We♥It
Tem espelho no seu rosto de neve, Nem menina, nem mulher... 
 É uma típica manhã de verão, o sol ainda não nasceu e eu mal consigo me mexer na cama. Levanto devagar e sinto o chão gelado nos pés quentes. Acordo. Desço as escadas, vou até a cozinha e tomo um copo d'água fresco. Olho o relógio: "não vai dar tempo de tomar café de novo". Pego a toalha, vou para o banheiro, escovo os dentes e tomo um banho gelado. Acordo, definitivamente. Saio do banheiro enrolada na toalha, molhando o chão e as escadas enquanto volto pro quarto. Olho desolada para a cama ainda com cheiro de preguiça e moleza. Respiro fundo e separo as roupas pra passar. Penso que poderia me poupar dessa tarefa se a fizesse antes de dormir. Me visto sem vontade e penteio os cabelos quase sem capricho. Passo um perfume, um batom e coloco os óculos escuros pra disfarçar as olheiras. Pego a bolsa, saio de casa e tranco a porta da sala. Na rua, ainda não começou a amanhecer, é horário de verão e o sol ainda não nasceu. Me arrasto até o ponto de ônibus onde outras pessoas esperam a condução. Olho para a cara deles, não parecem muito mais felizes que eu. Parecem cansados e indispostos - tanto quanto. Dou bom dia apenas a quem me cumprimenta e deixo a mente vaguear á vontade - apesar do corpo desperto, a mente ainda dorme. O sono ainda me espelha miragens aos olhos. Se eu respirar fundo esqueço essa paisagem de subúrbio e quase me sinto em beira-mar. O vento quente do asfalto quase se transforma na brisa fresca que vem do mar. Abro os olhos e só vejo carros passando. Suspiro pessimistamente e o ônibus passa lotado. O segundo, lotado em dobro. O terceiro nem ameaça parar. Espero já sem paciência, olho no relógio: "hoje vão cortar meu ponto de novo" - mas quem se importa? Ninguém se importa se você chega 5, 10, 30 minutos atrasado. Se eu corresse... Não. Não corro. Falta vontade, falta disposição, falta... O que falta? Volto a pensar na minha cama. Ela estava tão gostosa, tão confortável... Porque eu levantei mesmo? Ah é, a condução que vem chegando, virando a esquina... Ué? Que esquisito, mudaram as cores, as luzes, as poltronas estão mais confortáveis, as cortinas estão fechadas e não consigo abri-las, parecem costuradas umas nas outras, ambiente em meia luz propício pra tirar um cochilo, não me cobraram a passagem, me ofereceram um cafézinho... Que cara esquisito, nossa como é magrelo, deve ser anoréxico, ninguém é magro desse jeito... Sinto os olhos pesados, um sono incontrolável, acho que vou acabar dormin... do! Dormindo? Eu dormi? Quanto tempo eu dormi? Não vejo mais o cara magrelo, devo estar no ponto final porque parece que estamos parados. Que esquisito, uma falta de ar repentina. Tá tão frio aqui, deve ser o ar condicionado. Levanto com certa dificuldade de manter os pés no chão e me dirijo á porta de saída. Agora tudo faz sentido, eu peguei a condução errada. É, parece que hoje vou faltar ao trabalho mais uma vez. Respiro fundo e aproveito para dar um passeio. Essa segunda feira não tem nada de muito estranha nem de muito incomum. Apenas peguei a condução errada. 

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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