13.9.09

O nó na garganta

 "credo quia absurdum"



Um dia eu acordei e o teu cheiro não estava mais no travesseiro. 
Levantei assustada, olhei em volta e não te vi mais no quarto.
Você não estava no banheiro fazendo a barba e nem no chuveiro tomando banho. Desci a escada preocupada e você também não estava na cozinha, não estava tomando seu café e o seu carro não estava mais na calçada. Não havia o menor vestígio seu pela casa.
Sentei no sofá, respirei fundo e foi aí que percebi: também não havia o menor vestígio seu em mim.
Tinha acabado! Finalmente, depois de tanto tempo, aquela doença se curou. E nesse dia, somente nesse dia, eu senti um peso enorme sair das minhas costas. Aquele peso que me impedia de andar de cabeça erguida... sumiu! E quando eu tentei me lembrar, me surpreendi rindo porque não conseguia encontrar as lembranças que procurava, em vão, na minha cabeça. Tudo tinha desaparecido.
Não posso dizer que foi como se você nunca tivesse existido, mas de repente, deixou de fazer sentido pra mim.
No caminho para o trabalho, notei que as estações de rádio tinham mudado sua programação. Todas elas! Todas tocavam músicas alegres. Nenhuma das músicas falava de você.
Não me lembrava se as músicas eram felizes assim antes. Talvez eu estivesse tão preocupada em te deixar pra depois, que tenha esquecido de notar como tudo faz mais sentido enquanto me sinto tão feliz de não lembrar o que me angustiava tanto. Qual é o significado que eu via em você? Não era dor, porque se fosse dor, ao menos eu teria transformado em poema, mas só transformei nesse monte de nada, que em vão busco dar algum nome. E não encontro. Não por descaso, simplesmente não encontro algo que o defina. Parece que esse é o fim da fita e eu descobri que não estava vivendo um drama. Nem uma comédia romântica. Sim, porque, em comédias românticas, a mocinha fica com o mocinho, não é? Ou não? Espero que não, afinal eu nunca fui a mocinha das histórias que vivi. O que será que eu fiz com aquele nó que tinha na garganta? Será que engoli? Talvez tenha sido isso, está explicado! Você, na verdade, não passou de um nó na minha garganta.


Como é bom respirar em paz!

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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