19.2.09

Sobre uma menina que eu conheço

Quando a gente fica em frente ao mar, a gente se sente melhor ~Nando Reis


Eu conheço uma Menina, que sempre falava dos sonhos dispersos na espuma das ondas do Mar.
Com os pés fincados na areia, procurava entre as ondas que iam e vinham, seus sonhos perdidos.
Não tinha tanta esperança de que eles passassem ali, a seus pés, mas continuava procurando.
Nessa busca, por vezes, encontrava o sonho de outra pessoa perdido na areia ou voltando pro Mar.
Então ela rezava baixinho, pelas pessoas que também perderam seus sonhos.
Nem mesmo as conchas podiam ouvi-la.
Mas a Menina rezava, na esperança que suas preces fossem ouvidas.

Eu conheço uma Menina, que já nem se lembra quais eram os sonhos que perdeu.
Mas que sonha com dias menos cinzas, menos escuros e menos tingidos desse vermelho-sangue.
Quer re-aprender a dizer palavras alegres, mas pra isso, precisa antes reencontrar a alegria perdida, assim, displicentemente, numa curva acentuada ou numa freada brusca qualquer...
Ela quer acreditar que o paraíso existe, no fim do arco-íris ou depois do horizonte. Ela quer correr por campos verdes e floridos, espelhando alegria e sorrisos, sentindo a liberdade no vento acariciando o rosto. Quer coca-cola gelada, chocolate quente, biscoitinho amanteigado.
Quer fazer de conta que aquele beijo terá gosto de menta, que não haverá culpa, que não ficará isolada num silêncio tão perturbador quanto o da ausência de palavras doces. Quer palavras doces.
Quer sentimentos que façam sentido...

Eu conheço uma Menina, que carrega o peso do mundo nas costas e só deseja que seu fardo seja mais leve.
Talvez se fosse menos cabeça dura... Talvez se o coração parasse de lhe desobedecer...
Ela não quer mais ouvir as mesmas vozes, as mesmas palavras programadas, o mesmo sermão pré-fabricado.
Não quer mais falar sozinha, quer ser ouvida, deseja gritar! Mas não grita. Ao invés disso, reza baixinho, na esperança que algum conforto se aposse de seu corpo, sua mente, seu coração...
Talvez as pessoas pensem que é muda. Ou invisível.
Bobagem, não é sempre! É apenas uma Menina, com os pés enterrados na areia da praia, molhando as pernas nas ondas.
O que estará pensando? O que estará sentindo?
Deixa que o Mar sabe, porque só ele ouve suas preces!

Eu conheço uma Menina que está tão longe de mim, que não ouve mais gritar seu nome.
E tudo que eu queria era lhe dizer:
“Solta os cabelos, que o vento quer brincar com teus fios. Você consegue sentir?
Ouve o que as ondas tentam lhe dizer! Os teus sonhos não se dispersaram, somaram-se a outros maiores! Se não consegue ouvir, chegue mais perto!
Não fica aí, enterrada na areia: mergulha até o fundo!
Esquece o que é pouco claro, pouco nítido, incerto e vago. O pouco não serve mais!
Queira o muito, o tudo, o mundo inteiro!
Dê risada do que não pode, compartilhe o que quiser, guarde o que precisar.
Viaje!

Coloque aquele cd preferido pra tocar e embalar seus sonhos! 

Se tiver vontade, cante! Cante alto! 
Grite!

Se esconda no edredom quando fizer frio. Leia um romance quando estiver chovendo!
Conte as estrelas no céu, repare nos desenhos das nuvens, uive para a lua!
A felicidade, Menina, mora aí dentro de você!
Acredite em mim, viver é simples e a vida não espera por nossos atrasos!
Um dia tudo isso acaba, Menina. E agora, você ainda tem tempo...
Depois não sobra nada além do que fizemos!
E eu te desejo, Menina, que quando esse dia chegar, você feche os seus olhos na certeza de que tudo valeu a pena!
Porque você quis assim!”




Sim, sou eu na foto


12.2.09

Mediocridade

Mediocridade
do Lat. mediocritate
s. f., qualidade de medíocre; falta de mérito; vulgaridade.
Medíocre
 do Lat. Medíocre
 adj. 2 gén., mediano; meão; que está entre o bom e o mau; ordinário; insignificante;
s. m., aquele ou aquilo que tem pouca qualidade, pouco valor, pouco merecimento;
esc., classificação escolar entre o mau e o suficiente

Eu sei o quanto eu sinto saudade, do tempo em que eu me achava esperto (MCA)

Salve salve, Mediocridade! Se é pra falar de falta de méritos, com licença mas sou hors concours! Hoje, e apenas por hoje, eu não me sinto importante em nada! Tem dias que você acorda com *nostalgia do que fez no dia anterior Aquela sensação de ter dado um passo maior do que as pernas, de ter falado demais, mais do que poderia, mais do que a própria boca... Língua ferina que não acompanha os pensamentos, quando penso é sempre: putz, já falei! Eu sei que eu poderia fazer as coisas de uma maneira melhor, mas escolho sempre o pior caminho. Medíocre! Eu poderia ser um diferencial se eu realmente quisesse, eu poderia ter um pouco mais de valor se eu realmente me valorizasse É, no fim das contas ele tem razão, eu me subestimo! Eu me saboto e me arruíno. Sou eu mesma que tiro o valor que creditam a mim... Mas esse sentimento é só por hoje! E não tem nada a ver com arrependimentos, tem a ver com a conscientização de um ato. E eu ainda nem vi as conseqüências, mas sei que elas aparecerão. Cedo ou tarde. Espero que bem tarde, apenas pra eu ter tempo de me recompor de mim mesma! Salve salve, mediocridade! Se eu não fosse eu e não gostasse tanto de ser eu, gostaria de ser outro. Ao menos algumas vezes, dessas vezes que eu passo por mim fazendo esses estragos. Não sou importante, não tenho talentos, não sou inteligente e nem esperta. Não sou boa como pessoa, como amiga, como amante, como companheira e nem como profissional. Se tem alguma coisa que eu sou, é uma coisa bem pequena ante ao que eu poderia ser, Ao que deveria ser... Não, eu não estou triste, mas também não vou pra casa pulando de alegrias. Eu deveria me dar uns tapas... Melhor: um soco bem na cara ou na boca do estômago! Se você me vir na rua, por favor, dê um pisão no meu pé! Ou quem sabe uma dose extra daquele remedinho... Eu preciso desligar, me desconcentrar, desconectar Quero desmaiar, despensar, desacordar, me desorientar Para só depois despertar! Mas é por hoje... Só hoje!

7.2.09

Eu bebo sim!

E tô vivendo. Tem gente que não bebe e está morrendo.
Mas a gente não quer só bebida e eu vou começar logo o post antes que me processem por plágio.
Que eu bebo café, muito café, já deve estar implícito desde o nome do blog. Mas o assunto aqui é mais etílico do que cafeínico - se é que vocês me entendem.

Na minha interpretação, comecei a beber cedo (talvez tarde para alguns). Eu devia ter uns 12 ou 13 anos e descobri o vinho do natal na geladeira e gostei! Quando não tinha quase nada do vinho, minha mãe descobriu meu segredinho. E por aí eu já estava rindo a toa, achando a lua engraçada e a cara das pessoas deformadas!
Minha mãe nunca mais comprou vinho. Eu sim!

Depois veio o ensino médio e todo dia era dia de bar.
E por "dia de bar", não quero dizer que matávamos aula pra ficar pelos botequins-pé-sujos das redondezas, e sim que forçávamos os meninos a irem comprar a pinga pra beber na praça, no playground da praça, na quadra da escola (escondidos, óbvio) e por aí vai...

Tudo era motivo pra uma cahacinha! Se foi bom resultado nas provas, era beber pra comemorar! Se as notas foram péssimas, era beber pra esquecer. Se alguém brigasse com o namorado(a), era beber pra afogar as mágoas, sem fazer a piadinha sem graça de que elas sabem nadar! Embora saibam...

Meu estômago foi ficando "total-flex" = no álcool e na gasolina! Mais no álcool do que qualquer outra coisa, porque eu nunca gostei de cerveja. Até hoje, não suporto! Não beijo na boca de quem bebe cerveja, morro de nojo do gosto e do cheiro! Tem gente que me olha esquisito, que acha engraçado porque eu bebo de um tudo, menos cerveja! Com essa informação, calcule o meu prejuízo numa noitada ou happy our da vida! Enquanto a cervejinha dos amigos é rateada, dividida e consumida, a otária aqui paga sozinha pelos vinhos e/ou drinks e/ou batidas que compra.

Lembro que todo mês marcávamos churrasco e como um dos amigos tinha sido barman, os drinks ficavam por conta dele. Era nessa hora que morava o perigo, porque se tem uma coisa que eu aprendi a duras penas, é ter cuidado com as misturas de bebida!
E misturar bebida é uma merda! Não é que todo mundo diz? Pois é verdade, podem acreditar!

Conseqüências? Ah, as mais simples... Acabei com o prazo de validade do meu estômago!
Foram muitos enjôos, muita azia, muitas dores... E ela: a gastrite!
Também tive que lidar com a ansiedade que eu afogava na bebida.
Passei a descontar ansiedade na comida e de lá pra cá, é aquela briga com a balança.

Também tive que lidar com o afastamento de pessoas, que consideraram um "não, não vou beber", "não vou sair pra beber" ou um "não, parei com álcool", como se fosse uma desfeita ou um desmerecimento!
Pessoas que se ofenderam quando eu disse que não queria mais beber, achando que eu estava dizendo que não queria mais a companhia delas!
Talvez, no fundo não quisesse mesmo, porque é a coisa mais chata do mundo quando seus amigos estão bêbados e você está sóbrio! A não ser que você seja uma pessoa super paciente e desestressada. Nesse caso, é capaz até de se divertir e dar boas risadas da cara deles (já me aconteceu uma vez). Mas paciência e calma, realmente não são o meu forte!

Passei séculos sem beber uma gota de álcool. Ás vezes por falta de companhia, outras por falta de vontade mesmo!
Achei um equilíbrio e um limite! Mesmo porque, se eu exagero o estômago é quem sofre! Se hoje eu bebo pouco, ocasionalmente e socialmente, é porque eu já bebi tudo que eu tive direito na adolescência. Já enchi a cara e já tive todos os porres que eu tinha pra ter!

Nunca esqueci meu nome, tá? Nunca fiz coisas que me envergonharia de contar (pelo contrário, conto e morro de rir). Nunca dei grandesvexame...
E eu confesso que fiquei bem careta depois de velha. Simplesmente não vejo mais tanta graça e julgo uma grande estupidez a das pessoas que acham que sem álcool não existe diversão!

Hoje em dia, eu acho que encontrei a tal "moderação" dos anúncios.

O que eu indico? Vinho com massa, Vodcka com qualquer coisa, Caipirinha bem preparada, Amarrula com chocolate, Batidas com frutas... Tem opções pra todo tipo de paladar!
Só não vale esquecer aquela tal de moderação! ;-)


Termino esse post com um diálogo da peça Nós na Fita, com Leandro Hassum e Marcius Mellhem (por acaso em duas únicas apresentações no Vivo Rio, dias 14 e 15 de fevereiro):

"-Já está mais do que comprovado, que em 30% dos acidentes automobilísticos o motorista havia ingerido álcool em excesso!
-Ah é? 70% bebeu água e se fodeu! Tâmo na frente, gente! Bóra beber!!!"










Explicando o post:



Vini, desafio aceito! Taí o post sobre bebida!

É assim que se acaba com uma boa reputação (ou não)
Isso é, se eu ainda tiver alguma...

*post agendado

6.2.09

Nota

A Florzinha mais perfumada do meu jardim foi arrancada do pé e murchou.
A Estrela mais brilhante do meu céu, apagou.
Uma das razões da minha vida e do meu sorriso também.

O Post hoje é aqui: http://twitter.com/carolrodrigues/status/1181697208

Pra mim já chega, não dá mais do que isso!

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
Expresso pra Dois © Todos os direitos reservados :: Ilustração por Rafaela Melo :: voltar para o topo