29.1.10

Do outro lado

desconheço autoria



Para que você não se arrependa, eu digo que ficará tudo bem.
Uso o sorriso amarelo de sempre e aquele olhar, que não é o 43, mas o olhar de desânimo escondido num falso brilho que você não consegue notar.
Eu digo que as coisas vão se acertar por si mesmas e julgo que você acredita em destino, acaso, milagre ou qualquer uma dessas coisas que acontecem independente das nossas ações.
Você não sabe que ficando parado, nada acontece.
Mas deixa estar, pra você, ficará tudo bem.
Eu que estou aqui tecendo uma teia de fé na paz que eu julgo conseguir alcançar.
Não me adianta de nada ficar espalhando verbos ao vento
Mas fico sempre chutando palavras no ar, pra espalhar a areia das reclamações guardadas.
Mas se é certo que o tempo cura tudo, com o passar dos dias tudo isso vai se curar.
Ainda que não seja assim, tão simples.
Para que você não volte, eu digo que a caminhada apenas começou.
E se você acha que chegou onde queria, apenas abra a porta.
Você tem a chave? Não, você não tem! Pensando nisso, vai embora sem perceber que a porta estava destrancada!
É simples, não precisa pensar demais!
Basta chegar, abrir a porta, entrar.
Será que você consegue compreender?
Para que você não se arrependa, eu digo que ficará tudo bem e não digo mais nada.
Faço cara de poucos amigos e você se cala também.
Se for certo que o silêncio vale mais que mil palavras, espero que você interprete que esse silêncio é o olho do furacão e não um conforto, uma brisa suave.
Numa multidão de vozes, ouça apenas uma: a que te chama pelo nome.
Todo acordar começa com o abrir dos olhos. Toda caminhada começa com o primeiro passo.
Para que você não desista, veja: basta um passo!
Eu entendo mais do que você tentaria explicar. Impeço suas palavras porque sei o que o seu silêncio diz
Eu analiso, eu pondero, eu prevejo você.
Te defino e te relato e nesse poder de te compreender, denuncio o medo que você esconde de si mesmo
Eu te dispo de suas máscaras e de suas mentiras. E nessa tua frágil nudez revejo minhas certezas e revelo meus desejos. Eu sei exatamente o que posso e o que devo fazer.
Desculpe, não posso dizer mais nada! Procure nos meus olhos e no meu silêncio.
A esperança só é a última a morrer quando se esconde atrás da covardia
Nas entrelinhas do que te escrevo, está a mesma mensagem que te sussurro na multidão de vozes:
“Estou do outro lado, na esperança que você tenha coragem de chegar até aqui”.
Eu não vou esperar para sempre pelas suas incertezas e a sua perplexidade hesitante.
Para que eu não me arrependa, com ou sem você, tenho em mim a certeza que ficará tudo bem.

Desculpe, mas não posso parar.
Me alcance no caminho e ficará tudo impreterivelmente bem!

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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