20.3.10

Everywhere


desconheço autoria da foto


"Houve um tempo que tudo girava ao meu redor, dos meus desejos e vontades. E todo mundo ria de tudo que eu dizia, e eu dizia um monte de bobagens”.
Só que todo mundo também achava que o mundo girava ao redor do próprio umbigo. As pessoas tinham seus próprios planos secretos e desejos urgentes. Alguns queriam apenas um jeito de ganhar muita grana, outros queriam carros, outros convites pra qualquer lugar e outros iam a pé atrás de seus objetivos. Agora eu me pergunto onde estão aquelas pessoas alegres das rodas de violão, de conversas informais e das festas de fim de semana.
Eu já me importei muito e quando sentia saudade, procurava. Eu telefonava pra saber como ia a vida, saia com eles pra ouvir seus problemas pessoais e dar palpites sobre como resolver conflitos.
"Eu achava que tinha de tudo para sempre, que eu tinha amigos de verdade". Mas quando o conflito era comigo, acontecia o inverso. Dizem que quando você se empenha em ajudar os outros, você esquece os seus próprios problemas. Mas tem uma hora que você se lembra e aí é bom que você trate logo de resolver tudo sozinho. Você sempre está sozinho pra resolver suas questões, isso custei pra aprender.

Hoje ninguém mais tem tempo. Nem para si mesmos, quanto mais para outras pessoas. Nossos amigos só lembram nosso aniversário (eu, inclusive) se estivermos no orkut. Ganhamos poucos presentes, mas em compensação o scrapbook fica cheio de mensagens de felicidades, imagens piscantes e musiquinhas insuportáveis. Quando alguém precisa falar com você, manda um e-mail ao invés de te telefonar. Quando seus amigos querem saber como você está ou conversar, te chamam no msn. Mas tem sempre aquela pessoa que não tem orkut, que você não sabe o e-mail e não está adicionado no seu msn. Aquela amizade antiga que você perdeu completamente o contato e não sabe se está viva ou morta. E você nem pode procurar direito, porque não tem certeza (ou não lembra mesmo) do sobrenome. Você tem saudade, mas sabe que não tem como consertar isso. Com algumas, você consegue retomar o contato. Outras te adicionam e falam com você uma vez por ano. Outras nem falam nada. Mas você tem aquela ilusão de ter as pessoas perto de você porque elas te seguem no twitter ou comentam o que você escreve no seu blog. A internet é criadouro de pessoas solitárias.

Há muitos anos atrás, quando conclui o ensino médio, fizemos uma festa de despedida. Uma tristeza só. Enquanto uns prometiam não perder o contato, um amigo me disse: "A maioria dessas pessoas nunca mais vai se ver na vida. Vão esquecer seus nomes e que foram amigas. Daqui a cinco ou dez anos, os que mantiverem o contato estreito como temos, poderão se chamar, enfim, de amigos. Por enquanto somos todos colegas de classe, apenas". Fiquei chateada quando percebi que ele estava certo e mais ainda que eu não podia fazer nada. Por um bom tempo, eu tentei reverter isso, tentei salvar essas amizades que chegavam a um inevitável fim. Acabei desistindo de algumas pessoas quando percebi que não era uma via de mão dupla. Se o esforço é unilateral, não vale a pena insistir. Doeu aprender isso também. Hoje eu aceitei que algumas pessoas se perdem mesmo no meio do caminho. Já fiquei muito triste com essas coisas e ficava pensando no Frejat cantando "Meus bons amigos, onde estão? Noticias de todos, quero saber. Cada um fez sua vida de forma diferente. Ás vezes me pergunto: malditos ou inocentes"
Ficava pensando que as pessoas que se identificam com esses versos, provavelmente já entenderam e aceitaram o que eu custei a assimilar. Malditos ou inocentes? Não sei! Já achei que eram ambos, mas não me importo mais.
É tudo bem mais claro agora: nada girava ao meu redor como eu pensava. Eu sempre vou ter bobagens para dizer, mas agora não me importo se as pessoas ao meu redor vão rir ou vão achar que eu saí de moda.


Usando o Leoni mais uma vez. Espero que ele não se importe =D


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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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