29.12.10

Paciência e poesia

*desconheço autoria

Num dia, verborragia. No outro, escassez de palavras.
De palavras, apenas. Porque o sentimento me inunda. Faz de mim morada.
E em todo canto, algo me cutuca pedindo pra ser escrito. Traduzido.
O que é feito dos textos que não tenho tempo de escrever? E dos que não consigo expurgar?
Seriam eles a obra prima da minha vida? Retornarão um dia à casa da minha imaginação?
Aquieta-te alma minha. Aquieta-te que os bons versos têm asas e só pousam onde querem.
Sou página em branco, ofereço-me inteira. Transcreva-me recalcada, re-sonhada.
Arquitete-me, construa-me, destrua-me.
Coma-me na ferrugem do verbo, mate-me no contexto da prosa, na conclusão do texto.
Num dia, ansiedade. Páginas e mais páginas escritas.
No outro, silêncio.
Eu mantenho a calma. Aprendo que a poesia está em toda parte.
Até mesmo em sua ausência.

Tem muito verso madurando pra ser colhido.
Mãe natureza sabe das coisas. Paciência também é poesia!

20.12.10

O Trapézio


Dizem que a vida é uma Roda-Gigante. Dizem que é uma montanha-russa.
Eu digo que a vida é um salto de um trapézio. Um salto no escuro. Como o amor.
A instabilidade balança a mais de três metros de altura.
Quem te segura, é a força que você mesmo tem. E se você se propõe a balançar lá no alto, no minimo, é porque você sabe o que faz. Ou acha que sabe.
O vôo não é cego, é direcionado. E quando você se solta do trapézio é para segurar-se em outro.
Geralmente, você solta do trapézio para segurar-se nas mãos de outra pessoa.
Alguém que não vai te deixar cair, mesmo que você esteja de olhos fechados.

Se você cai de um trapézio, tem uma rede em baixo de você. Não é no chão que você cai. Você não morre ao cair de um trapézio.
Só que vai precisar subir novamente a escada de corda até a plataforma.
E voar mais uma vez, balançando de um lado pro outro, soltando e segurando novamente o trapézio. Até o cair do pano.

O problema, é que nos trapézios da vida, nunca cai o pano.
Você está sempre em cena.

Se eu caí, não foi porque não soube segurar na barra... foi porque soltaram as minhas mãos.
E lá vou eu pra escada de corda mais uma vez. Afinal, o show não pode parar.

Respeitável público, os ingressos por favor!

15.12.10

Como num romance...

De todos os romances que escrevi,
O best Seller é o que vivo.



Pena que nem toda história tem final feliz

12.12.10

Já faz um tempinho que acompanho o blog com o trabalho do cartunista Guilherme Bandeira.
É ele o autor do Fandangos Suicida.


Bom...
Há um tempo atrás, o Guilherme fez uma promoção. Ganharia uma caneca exclusiva do Fandangos quem escrevesse o melhor script.

Bobagem

Ganhei


Obrigada Guilherme!
Não vejo a hora da minha canequinha chegar!

=D

Update:
NUNCA FOI ENVIADO
E o dono do blog finge que não é nem com ele.
Lamentável gente que não sabe honrar compromissos!

6.12.10

Anil


O possível eu já conheço. Quando me abandono na poltrona, com os braços pendendo inertes e a cabeça voando longe, é no impossível que penso. Vez em quando no improvável. Ou no que julgo como tal. Esforço-me para compreender esses paralelos e sinto-me exausta. Exaurida de exércitos de sonhos marchando para fora do meu peito. Para dentro dos meus textos. Para além dos teus olhos e de tua leitura míope. Não me enxergas nas entrelinhas? Será que apenas tu não me percebes? Sinto o peso do esforço de me fazer notar. Nítida como um reflexo no espelho. No seu espelho de moldura redonda. Meus olhos parecem sempre vazios, mas é porque os sonhos já voaram de mim em rota de fuga pra você. E estão sempre a colidir com as suas torres e montanhas. Fazendo pousos de emergência no seu peito. Buscando o portão de desembarque dos teus sentidos.
Fico aqui, em pé, parada em meio à pressa que me corre e me empurra para que viva além do que julgo possível. E parar de ir ou vir e esperar, requer coragem. Que seja então. Te esperar será meu ato mais heróico. Esperar pelo teu vôo, teu destino, teu tempo e tua falta de rumo. Todos somos sem rumo. Acontece, vez ou outra, de nos encontrarmos perdidos por aí. Foi assim que te encontrei. Espero, então, que o teu rumo continue no meu prumo.
Enquanto isso fico aqui, aturdida, dividida, partida ao meio esperando pela sua metade. Aquela que vai me somar. Aguardo tua chega no saguão e carrego um cartaz escrito teu nome. Estou de vermelho. Mas que diabos, todo mundo veste vermelho nessa cidade. Estarei, então, trajada com meus sonhos para que me reconheças ao se reconhecer em mim.

Traga na bagagem teus beijos de anil,
Que esse amor já tem um gosto azul.

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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