1.4.11

Caixa Postal I


Querida Rosane

Sou um covarde por estar escrevendo essa carta ao invés de falar com você. E eu ia ser mais covarde ainda porque ia te mandar um e-mail, sendo que você mora tão perto e não sou capaz de falar com você depois de tudo. Decidi escrever essa carta pra esconder dentro do livro que você fez tanta questão que eu te devolvesse.
Talvez você nunca mais leia ele de novo, eu sei disso, porque ele vai te lembrar o tempo todo de mim e dessa história de nós dois.
Estou consciente que talvez você nunca encontre essa carta. Por isso a minha covardia é ainda melhor.
Talvez passe muito tempo até que você encontre essa carta. Talvez até uma outra pessoa a encontre. Aí tudo isso vai ter passado. Espero que a sua raiva também. Um dia, ao menos.
Rosane, sei que não agi certo com você e sei que você nunca vai esquecer a mágoa que te fiz passar.
Me perdoe, Rosane, eu sou um imbecil. Um paspalho que faz tudo errado e depois quer consertar, mas acaba piorando tudo.
Eu peço mais uma vez que me perdoe, já certo que não mereço o seu perdão. Mas quero que saiba que me arrependo, todos os dias, de cada um dos meus erros.
Quando você encontrar essa carta (se encontrar) espero que perdoe também a minha covardia. Eu sou criança Rosane, sou imaturo mesmo. Bem como você disse. Não sei como fazer essas coisas direito. Aliás, acho que não sei fazer nada direito mesmo.
Não sei como fazer pra você acreditar que eu te amo. Eu sempre amei você.
E pode estar certa que eu vou continuar te amando todos os dias da minha vida.
Mesmo que você nunca me perdoe. Mesmo que nada disso mude.
E mesmo que você nunca leia essa carta.

Um beijo
Pedro



E aí Rosane? Será que você leu essa carta?


Carta encontrada dentro de um livro que comprei em uma feira de sebos. Corrigi apenas uma ou outra pontuação e alguns "talvez" e outras palavras que continham um "s" no lugar de um "z".

Fiquei curiosa!
Não só pra saber se a Rosane leu ou deixou de ler a carta, ou do que o cidadão em questão tinha aprontado. Queria mesmo saber porque carambolas a história do casal tinha a ver com "O Diário de Anne Frank"...
Vai saber?


Com isso eu começo aqui a série "Caixa Postal". Essa é a única verdadeira por enquanto.
Se eu encontrar alguma outra eu aviso!

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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