14.6.15

O Sol é para todos - Harper Lee

Oi pessoal.
Hoje eu vim falar sobre o último livro que li. O último mesmo, terminei de ler essa madrugada - porque não consegui dormir enquanto não terminei. E olha... que livro maravilhoso ♥ 


O título original é To Kill a Mockingbird, escrito em 1960 pela autora norte-americana Harper Lee. É um dos mais importantes clássicos da literatura e vencedor do Prêmio Pulitzer em 1961, um ano após a sua publicação. Vendeu mais de 40 milhões de cópias ao redor do mundo, foi traduzido para mais de 40 línguas e em 1962 virou um filme que também foi premiadíssimo: Oscar de melhor ator para Gregory Peck, Melhor roteiro adaptado, Melhor trilha sonora, entre outros. Ele também foi escolhido pelo Library Journal como o melhor romance do século XX e eleito pelos leitores do Modern Library um dos 100 melhores romances desde 1900.
Perceberam que essa história não veio ao mundo de bobeira, né?

Todo marcado kkkkk
Tratava-se de um livro raro e esgotado, até que algo extraordinário aconteceu.
A editora HarperCollins divulgou a notícia que chamou de um “acontecimento literário extraordinário”: a autora Harper Lee vai publicar um segundo romance 55 anos depois de seu clássico "O sol é para todos".
Uma amiga e advogada de Lee, encontrou o manuscrito junto com os originais de ' Sol é para todos' e convenceu a autora de que ele merecia ser publicado. Lee se disse surpresa ao encontrar o manuscrito após tantos anos, tinha se esquecido da existência dele e ficou muito em dúvida quanto a publicação. Ela pediu a opinião de amigos e pessoas próximas e graças a essas pessoas, o livro será laçado.

A nova obra que vai se chamar "Go Set a Watchman", foi escrita nos anos 50 e estava guardada até hoje porque Lee, que hoje com 88 anos, dizia-se satisfeita com o sucesso do primeiro livro e não achava o manuscrito tão bom quanto ele. O novo livro trará personagens que conhecemos (e amamos) no primeiro livro na fase adulta (minha adorada Scout ♥) e deve chegar ao mercado literário em Julho de 2015 (tá pertinho, socorro). Por isso também a minha "pressa" em falar logo dele aqui no blog: para que vocês tenham a oportunidade e o prazer de ler esse livro maravilhoso antes. Sim, porque graças a essa notícia bombástica no mundo literário, a Editora José Olympio (obrigada, seus lindos) relançou o clássico 'O Sol é para todos' numa edição linda e novinha em folha (vejam as fotos ao longo do post)! 
"Se você aprender um truque simples, vai se relacionar melhor com todo tipo de gente. Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas pelo ponto de vista dela. Precisa se colocar no lugar dela e dar umas voltas."
O livro conta a história da pequena Jean Louise (ou Scout), seu irmão 4 anos mais velho Jean e seu pai, o advogado Attticus. A história é narrada pelos olhos de Scout, que é uma menina esperta e inteligente (queria pra filha), sempre atenta aos acontecimentos ao seu redor. Scout e Jean são órfãos de mãe e foram criados pelo pai e pela empregada negra, Calpúrnia. Eles moram em Maycomb, um condado no sul dos Estados Unidos e a história se passa nos anos 30, logo após a Grande Depressão.


É impossível não se apaixonar pela Scout e sua curiosidade e ingenuidade. É bom lembrar que no começo do livro, ela tem cerca de 6 anos. Como a história é contada por ela, a narração tem essa característica inocente e muitas vezes o leitor já compreendeu o porquê de certas injustiças e convenções, enquanto Scout ainda tenta compreender. O tema central do livro é trabalhado através da compreensão que ela vai tendo do que acontece ao seu redor. 
“Tia Alexandra era obcecada pelas minhas roupas. Como eu podia querer ser uma mulher elegante usando suspensórios masculinos? Quando eu disse que usando vestido eu não conseguia fazer nada, ela retrucou que eu não devia fazer nada que exigisse calças compridas."
Scout conta as aventuras e travessuras que aprontou junto de seu irmão e do melhor amigo Dill. Eles exploram o perfil da sociedade naquela época, suas peculiaridades e seus defeitos. A cidade tem um terrível perfil antiabolicionista e as crianças tem uma dificuldade de entender as injustiças que presenciam. 
Scout, Jean e Dill passam o verão juntos. Um dia, resolvem descobrir porque o vizinho Arthur Raddley vive recluso e nunca é visto. As crianças bolam planos mirabolantes e fantasiosos para fazer Arthur sair de casa. A partir desse acontecimento (Scout acha que foi a partir disso), a história se desenrola para uma série de acontecimentos e o leitor se vê envolvido em uma história racismo, discriminação, preconceitos históricos e direitos humanos.


Para colocar ordem nessa balbúrdia com o vizinho, temos Atticus que é um homem justo e um super pai para as crianças, que o amam e respeitam mais do que qualquer coisa no mundo (e eu também).
Atticus é advogado e vive uma rotina tranquila, mas se envolve num caso polêmico que acaba mudando a sua rotina, das crianças e de toda a sociedade local. Sociedade essa, que é extremamente preconceituosa e vive um período histórico que foi muito difícil para os negros. Era (ou é?) uma realidade muito cruel e injusta. Nesse cenário, Aticcus é nomeado para defender um negro, Tom Robinson, acusado de estuprar uma mulher branca. O comportamento dos moradores de Maycomb muda drasticamente, as pessoas mostram seu pior lado e tudo isso é acompanhado pelo olhar de Jean e Scout. As crianças e seu pai se tornam alvo de descriminação por causa de Tom Robinson.
"-Quase todo mundo acha que está certo e que você é que está errado.
-Essas pessoas têm o direito de pensar assim, e têm todo o direito de ter suas opinião respeitada - considerou Atticus - Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho que conviver comigo mesmo. A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa."
'O Sol é para todos' é um livro atemporal e discute situações que poderíamos muito bem estar lendo nos jornais de hoje. Uma vez que começamos a ler, nos vemos envolvidos com a história e não conseguimos largar. A narrativa é fluida, a linguagem é simples e é muito fácil de acompanhar. Os personagens são muito bem construídos, tanto os principais quanto os secundários. Você quase pode supôr a reação que terão na página seguinte após um ou outro acontecimento de tão bons que são. Eu sempre me interessei por esse livro, mas como disse no começo, ele era esgotado e difícil de encontrar (e quando encontrava, custava caro). Nesse caso, a fama faz a cama e tudo que se fale dele ainda é pouco.
Desde o título 'To kill a Mockingbird' que faz todo sentido na narrativa (e se você prestar atenção, é a mensagem do livro) até a questão filosófica central (que também encaixa perfeitamente no nome traduzido da obra), passando pela humanidade e o caráter de Átticus transmitido para seus filhos e o amadurecimento de Scout e Jean, arrisco dizer que é o melhor livro de 2015 e um dos melhores que já li na vida. Será difícil que um outro livro o supere tão em breve - talvez o próximo de Harper Lee... Será?

“As coisas sempre são melhores pela manhã” 

Eu estou ansiosa pelo lançamento do próximo livro! E vocês?

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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