28.7.11

Veja bem...


Sinto que ainda vou penar com essa pequena, 
Mas o blues já valeu a pena
~Chico Buarque


Pra começar, você precisa gostar do Chico Buarque. Mas nunca, nunca, nunca, cante Carolina para mim. Carolina é uma música triste, fala sobre uma vida que passa sem ser vivida. Sobre uma moça que espera um amor que não tem. Carolina é digna de pena, esqueça-a. A música, não a mim. Você pode até dizer que eu sou a moça feia na janela e que a banda toca pra mim. Aliás, não pode não. Não acho legal você dizer que eu sou feia. “EU” posso me achar feia, você não. Você tem que achar que eu sou a moça mais linda do mundo. Embora eu não seja. E jamais se incomode se eu passar a vida inteira duvidando de você.
Mas pensando bem, se você não me achasse no mínimo bonita, você não teria todo esse trabalho, né?
Bem pensado... Bom, continuando. Você precisa gostar de Chico Buarque e de livros.
Você precisa gostar de livros e nunca fazer cara feia quando eu entrar numa livraria e gastar grande parte do dia por lá. Você precisa gostar de livros pra ficar feliz quando ganhar um de presente no seu aniversário, no natal, no dia dos namorados ou em um fim de semana sem data comemorativa. Você precisa ter um autor preferido e defende-lo quando alguém o difamar, como se fosse um amigo íntimo. O que de fato, os amantes de leitura são: amigos íntimos dos livros e seus autores. Você não precisa gostar dos mesmos livros que eu. Na verdade, é até legal que tenha gostos diferentes e os compartilhe comigo. E aceite conhecer os meus. Nessa troca só temos a ganhar, concorda?
Você pode gostar de carros ou futebol, mas eu espero que você tenha mais orgulho da sua biblioteca ou da sua coleção de dvd do que do seu time ou do que tem na sua garagem. Falei de dvd né? Você precisa gostar de filmes e não ter preconceito com os filmes de mulherzinha. Você precisa saber que ele são ótimos pra você assistir juntinho. Mulher gosta dessas coisas, sabe? Mulher vê amorzinho na tela e fica com vontade de cultivar o próprio.
Você precisa ter bom humor, fazer rir, ser criança, se divertir. A verdade é que isso é o melhor da vida, não é? Não estou dizendo que você precisa ser um palhaço. Nem infantil. Ser feliz não é palhaçada. Ser feliz é apenas... ser! Ninguém gosta de uma pessoa emburrada, reclamona, de mal com a vida. E eu já sou muito emburrada, deixa esse papel pra mim. Você precisa me fazer rir. E me fazer ter vontade de rir com você. E pra você.
Você não precisa ser um personagem, decorar falas prontas e usar num jogo de conquista. Essas coisas duram pouco, farsas sempre são descobertas. Você também não precisa forjar romantismo como os seus amigos fazem. Apenas saiba demonstrar o que sente sem ser piegas, sem parecer forçado.
Você não precisa esconder quem você é de verdade. Você precisa ter a coragem de se mostrar, porque não tem nada a esconder. Você precisa ser real...
Falando em ser real, é verdade que eu imagino mil coisas sobre você.
Talvez eu acerte algumas, talvez erre outras. Mas o principal, é que a única coisa que você precisa fazer é me surpreender.
Surpreenda-me com quem você é. Surpreenda-me para que eu me interesse pelo que você gosta, pelo que você faz, pelo que te faz sorrir ou chorar.
Mas principalmente, surpreenda-me por ser melhor do que eu sonhei. Ou até mesmo, por ser completamente diferente dos meus sonhos e assim me ensine um mundo novo.
O teu mundo.
E então você só precisa de uma coisa: existir!


E talvez gostar de Chico Buarque...


Imagem: We♥It

19.7.11

Quando o amor chegar




Quando tu trouxeres o teu amor, traga-o por completo. Traz o teu sorriso doce, mas também a tua lágrima de incompreensão quando o teu chão cai. Traz o teu carinho singelo, mas também os espinhos do teu mundo. Traz a urgência das horas, a tua palavra seca ante o medo, o teu silêncio quando a dor fala mais alto. Traz o teu passado, sim, ele é importante, e me diz muito do que és hoje. Traz todas as tuas cicatrizes e não me esconda nenhuma delas, conte-me cada história, o porquê, cada razão dessas marcas na tua pele, no teu coração. Traz que eu vou ouvir, eu vou ouvir como quem decifra o inesperado, o novo, como quem quer ir mais longe do que a palavra, o abraço, o beijo, além. Mostra-me sem receios, porque sei que há de ter muito mais de mim do que penso nas frestas, nos vincos, nas dobraduras da tua alma, e isso é bonito e único. Portanto, traz o teu amor simples, puro, aberto e, sem medos, sem esconderijos, coloca-o diante dos meus olhos e encosta no meu peito os teus dedos, os teus temores e a tua verdade, porque o amor que eu quero viver precisa ser inteiro.

Texto lindíssimo da minha amiga Thaline Martins. Texto que diz (ao menos pra mim) muito mais do que está escrito. Roubei lá do blog dela: o Essência. Mas roubei com consentimento dela. Aí pode =)


Thaline, querida, obrigada por permitir postar aqui no Expresso.
Você, como sempre, escrevendo serenamente bem =)


Imagem: Encontrada no We♥It
Desconheço autoria

17.7.11

Previously on my MSN


-Estou com um grande problema
-O que?
-Chama-se: eu. Chama-se Carol Rodrigues
-Ah meu bem, então não é um grande problema, porque você no máximo tem 1,65m
-1,60m
-Olha só, lá se foram cinco centímetros a menos de problema. E eu que tenho 1,72m de problema?



O importante é saber com quem conversar
Thanks Ju =)


Imagem: We♥It

14.7.11

Na minha biblioteca



A melhor companhia na minha cama, geralmente mora na minha estante.
E a minha estante mora ao lado da minha cama. Deito no travesseiro e olho pro teto. Não durmo. Estendo a mão e pego um livro. Hesse: "Meu pai tinha razão, o mundo é mesmo muito bonito." Outro! Gaarder: "Será que você conseguiria ser feliz repetindo coisas que no fundo do seu coração, não acha certas?" - Não, não seria, Jostein querido. Próximo. Will: "Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança." - Eu tenho esperanças, Will. Não muitas, mas tenho algumas. Algumas sobrevivem aos tombos, tantos e tão altos que eu levo. Muitas estão na UTI. Respiro fundo. Respiro de novo. Inflo o peito e levanto pra olhar a estante mais de perto. Pra parar de brincar de oráculo. Lembro de uma citação de George Bernard Shaw: "Você vê coisas e diz: Por quê?; mas eu sonho coisas que nunca existiram e digo: Por que não?" e lembro que não tenho nenhum livro dele. Penso em comprar, penso em ler, preciso ler algum livro dessa estante. E tenho tanto livro que ainda não li. Porque livro, eu compro por compulsão. Por promoção. Por pacote. Por desconto em frete. Por necessidade de boa companhia, porque na verdade, eles, todos eles, são mesmo a minha melhor companhia.
Do poeta que me estapeia a cara ao romancista que ri da minha ingenuidade. Todos me cabem. Todos me servem. Todos trazem sobriedade aos meus olhos de ressaca. Sim, eu também sou assim. Tenho ressaca do mundo, das coisas que vejo e ouço. Por isso leio. Porque a minha fé tem começo, meio e fim. Às vezes tem índice. Noutras, capítulos. Visto-me de crônicas e enfeito os cabelos com poesia. Uso a maquiagem do texto. Sofro as reticências no fim da linha. Amanheço sujeito oposto, adormeço antagonista da trama. Mocinha do drama. Camélia da cama. E se pareço confusa, é porque o romance mora em mim. Sou co-autora, inspiração vaga, um tiro contra o peito apaixonado. Bala de festim. E o amor não é brincadeira. E o amor não é conto de fadas. O amor não é nada. É página solta do miolo, carimbo da contracapa. Rótulo de biblioteca. Sou meu próprio texto, minha tese, minha peça, minha própria pedra no meio do caminho. Estrada dos meus descaminhos. Minha paz, minha guerra e meu desassossego. Trago nos olhos as minhas cantigas de roda. Sou a janela aberta que deixa o frio entrar em mim. 
Atravesso as noites na nitidez da minha sanidade. Insano é morrer de medo. Afundo a cabeça no travesseiro e abraço o livro contra o peito. Sei lá o que é feito de mim. Sei lá quem sou nessas telas, nessas vaidades do fingimento de ser o desconcerto de alguém. Quem sabe, a peste de alguma plantação. Um campo inteiro de centeio. Sem apanhador. Dor. Sangrando nas entrelinhas. Eu em todas as metonímias. Leio o poema que já sei de cor. Decoro as palavras que já sei a cor. São negras. Como os olhos, negros. Turvos e perdidos como barco sem vela em maremoto. Sete léguas de mim. Sete mares sem fim. As palavras escondem segredos embriagados, voláteis e subentendidos. Escondem o que revelo, o que entrego. Subverto-me. Inverto-me. Inverso-me. Em versos. No entendimento que faz sumir a rima. Na rima que se perde da poesia.
Fecho o livro, janela onde me penduro imprudente, antes que eu caia no vazio da minha alma. Essa loucura é o fardo que guardo enfileirado na minha estante. Eles, os livros, armas engatilhadas contra mim. Eu, humana, encaro-os esperando seus tiros. Acertem-me. Matem-me. Que me refaço em outro prefácio.

Eu poderia evitar essas mortes, minhas, convidando um colo pra dormir ao meu lado. 
Mas acontece que a melhor companhia na minha cama, geralmente mora na minha estante.




Ps: Voltando pra programação normal

13.7.11

4 anos de Expresso pra Dois


Eu queria ter feito esse post ontem, na data certa, mas fiquei até tarde configurando as coisas por aqui e quando percebi, já tinha passado de meia-noite.


Bom, ontem, 12 de Julho, foi o aniversário de 4 ANOS do Expresso pra Dois.
Isso mesmo, 4 ANOS. Nem eu acredito que cheguei a tanto.
Porém, a história não começou bem aqui. Tive ainda dois blogs antes deste, há muito mais tempo atrás.
Tenho registros de ter começado no blog em 2005, mas antes do Blogger ainda tinha mais dois.
Mas não tenho mais como saber há quanto tempo estou por aí.

Mas caramba, QUATRO ANOS! rs

Com todo esse tempo, a única coisa que eu posso dizer com certeza, é que eu sou grata.
Infinitamente grata a todas as leis do Universo que conspiraram para que um dia eu fosse lá e criasse o primeiro blog. Se tem uma certeza que eu posso ter nessa vida, é que conheci pessoas maravilhosas por causa do blog. Fiz amigos que vou levar pro resto da minha vida. Pessoas que são essenciais na minha vida. Alguns que eu conheci pessoalmente depois de algumas trocas de links. outros que eu conheci através de pessoas que conheci no blog. Já teve de tudo. Intriga, amizade, barraco e até romance. ~Apaga essa parte~ Alguns inimigos também, não posso mentir. rs. Mas faz parte, não se pode agradar a todos.


Uma dessas pessoas queridas, é a Vanessa , responsável pela nova aparência do blog (do antigo também, aliás). Há um tempinho atrás, eu disse no Twitter que estava pensando em parar de blogar e largar esse blog de lado. Ela foi uma das pessoas que me chamaram atenção para não fazer isso e de quebra, fez um layout novo pro blog. =)
Preciso dizer que eu amei? E a Vane me conhece bem, tem detalhes aqui que só ela mesma teria a sensibilidade de colocar. Tikets de biblioteca (eu, uma amante de livros), a fitinha com a Dave Matthews Band (a banda que eu mais amo no mundo e inclusive, tô ouvindo agora), meu café, umas fotinhas minhas e Alice in Wonderland (que nem preciso mais explicar que amo). Ainda por cima, uma das minhas partes favoritas do livro, que é a resposta que Alice dá para a Lagarta quando esta lhe pergunta quem ela é.
(Rolem até o final da página, pra ver que lindeza)

Vane, querida, obrigada viu? Pelo presente e pela paciência de me ajudar a colocar ele pra funcionar aqui! rs


Eu queria agradecer também a todas as pessoas que vem aqui, que me lêem, curtem, gostam, indicam, linkam de volta, mandam e-mail, elogiam ou criticam, comentam, lêem por e-mail ou feeds. Todo mundo que me apóia e incentiva a continuar escrevendo. Quem chegou agora, quem já vem aqui há tempos. E todos os amigos que fiz, direta ou indiretamente, por causa do blog.

Thanks for all, people!


São todos, sempre, muito bem vindos ao meu café.
Vai uma xícara aí?
Senta que hoje tem bolo =)




Voltamos a nossa programação normal
[ou não]

11.7.11

Things in Wonderland

Não precisa entrar pelo buraco da toca de um coelho branco e nem atravessar um espelho para encontrar um mundo de maravilhas. Hoje em dia basta ter um computador com internet (e um cartão de crédito).
A minha whishlist aumenta a cada dia. Se eu fosse mostrar a lista aqui, vocês iam cair pra trás.

Esses dias, conversando com uma amiga no msn, ela me sugeriu fazer um post sobre esses sites de "coisas fofas" que ela acha que só eu encontro. rs Então tá. Vou deixar aqui algumas dicas saídas diretamente das minhas listas de desejos! =)


01:
Pra começar, vou falar da Danni, da Lojinha Malagueta Craft 
Não é novidade pra ninguém (que me conheça ou me siga no twitter) que eu sou apaixonada pelo mundo mágico de Lewis Carroll. Essa referência aparece nos meus textos, na minha inspiração e em boa parte dos ítens da minha whishlist. O trabalho da Danii é uma graça. São Cadernos personalizados, Sketchbooks, Álbuns e outras coisinhas fofas! Foi dela que eu comprei esse "Kit Wonderland".

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Gente, recomento, porque o Kit é im-pe-cá-vel, como vocês podem observar na foto. E mais, veio todo bem embalado e protegido, no capricho. Um sonho! Mas confesso: ele é tão lindo que ainda não tive coragem de escrever nele. Como disse a Ju, minha querida amiga: tem que mantê-lo imaculado. =D

Agora, dá uma olhadinha no trabalho da Danni:



02:
A segunda dica, é a loja Artes da Mama, de uma moça que conheci no Elo 7.
A lojinha dela é outro sonho. E a Cláudia é uma querida. Quando comprei, combinamos no prédio onde eu trabalhava e ela foi entregar em mãos. É dela o meu amado Pequeno Príncipe (que é a minha outra grande paixão). Olha só que fofo:

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Com ela comprei também um Submarino Amarelo. Infelizmente, para dar de presente coisa que me arrependo MUITO, porque a pessoa não merecia.
Olhem que lindinho:

A Mama tem bonequinhos de Star Wars, Mágico de Oz, Harry Potter, Michael Jackson, Beatles e até Crepúsculo (pra quem gosta). Na minha lista de desejos no Artes da Mama estão o Carneiro, Elefante dentro da Cobra e a Raposa do Pequeno Príncipe. Completando a família, minha próxima vítima é a Alice que ela tem por lá também. (quem vê assim pensa que eu sou RYCA)
Bom, o Elo7 não permite compartilhar imagens, então clica aqui e vai lá conferir pessoalmente =)


03:
A terceira dica, é a lojinha da Bruna, a Pitilé.
Pitilés são caderninhos de anotações mega ultra fofos, feitos à mão e superbonitinhos. Parecem um mini-moleskinezinho. Coisa mais fofa do mundo *-*
A Pitilé também vende as Tutulés, que são carteiras mágicas pra guardar tutu =D
Eu tenho um Pitilé lindo de poá azul (que nem o da primeira foto) e dei um de presente pra minha amiga Ju, já citada nesse post hahaha
Dêem uma olhadinha:


Ps: botei só fotos dos Pitiles, porque a Tululé eu nunca comprei =)



04:
E por último, mas não menos importante: O Paraíso dos Toyarts e dos amantes de Toyarts!
Camila Toys *criaturas manuais*  da querida Camila Maruyama.
Camila eu conheci no Flickr e me apaixonei imediatamente pelo trabalho dela. Tudo feito à mão em biscuit.
Sou fã dessa moça talentosa e dos toys que ela faz! Se eu pudesse, pegava todos pra mim!
Tem um pessoalzinho aí sem criatividade, que tenta copiar os trabalhos da Camila. Ontem mesmo, ela me mostrou a lojinha de uma dessas espertinhas que copiam as criações dela e vendem como se fossem delas.
Mas né? "Original não se desoriginaliza." Quero ver se alguém consegue copiar o talento alheio. E óh: não conseguem!!!

Dêem uma olhadinha:

O principezinho e a raposa Bolo de Cheshire =) Mario´s mushrooms Hobbes / Haroldo Remy - Ratatouille Stitches Kon (Bleach) Jacks!

Sandman O Pequeno Príncipe / The Little Prince / Le Petit Prince Mafalda! (Quino)

Fala sério? Não dá vontade de ter TU-DO que ela faz? *-*
Pelo menos eu sei que eu quero TU-DO. =D


É isso, gente. Um pouquinho de onde conseguir coisinhas fofas. Um reino inteiro de maravilhas em apenas 4 links. Se vocês gostarem, prometo dar outras dicas em futuros posts.
Acreditem em mim quando digo que minha lista de desejos é imensa =D



Ps: esse não é um post patrocinado ;-)





Mas fica uma dica mais do que explícita para o caso
de alguém querer me presentear um dia desses
Faço aniversário em 29 de setembro
=P

7.7.11

A dona da história

Imagem: We♥It

"Por isso para o seu bem, 
Ou tire ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem"
~Chico Buarque ♥

Não baby. Tira essa caneta do meu papel que essa história é minha. E escrevo à lápis pra poder apagar quantas vezes for preciso. Só eu posso escolher o rumo desses personagens. O espaço desses figurantes. Posso muito bem transformar esse romance num mero encontro de olhares. Num embolar de fios de cabelo. Num embalar de trilha sonora escolhida a dedo. Posso transformar um esbarrão na rua em uma grande paixão. Um "boa noite" em "eu te amo". E depois colocar os meus bandidos na prisão, meus vilões em sanatórios e um fim com letras douradas no final da página.

Não baby. Não tente sentar nessa cadeira de diretor do meu filme. A história é minha, já disse. Não precisa se importar com o roteiro só porque você parece ser sempre o vilão. Tá tudo bem. É só mais uma história, não é o fim do mundo. E esse também não é um daqueles filmes tipo comédia romântica onde tudo fica bem no final. Não é um clichê. Mas também não é um drama. É só um filme sobre a vida real. E a vida é minha. Então, por favor, pare com essa pose de dono da história. Não é você quem decide os rumos do meu caminho.

Não baby, não se preocupe com aquelas cenas tristes. Não se importe se falo tanto e se pareço morrer. Ou se me acabo de chorar e digo que não sei o que fazer. É só porque a tristeza é coisa bonita de se ver nos filmes, de ler nas histórias.
A morte da bailarina também encanta o público, cheio de dor, de delírios e suspiros apaixonados.
Essa dor não dói. Esse corte não arde jogando álcool. Ou água. Ou mertiolate. Mas mertiolate não arde mesmo. No meu tempo ardia. Hoje não arde mais. Na verdade, acho que os cortes nunca arderam com o medicamento. Era só o charme pra ganhar beijinho da mamãe. Só pra deixar ela culpada e dar aquela sopradinha no machucado.
É isso, moço. No fundo, é isso.
É só charme pra ver se alguém dá aquela sopradinha no meu coração. Se alguém me passa um mertiolate no peito pra arder e secar as feridas.
Deixa ser sol, mesmo quando amanheço com chuva.
Se escondo tristezas atrás de um sorriso falso, bobo, é porque o coração é mais bobo ainda. As olheiras de insônias angustiadas, eu escondo com corretivo e base. Se tiver com olhos vermelhos, uso colírio e óculos escuros.
Deixa ser maresia que esse meu maremoto é só onda quebrando na arrebentação. Vira espuma na areia. Vira brincadeira de esconde-esconde pra Tatuí.

Não baby, não precisa chamar salva-vidas que eu não me afogo no raso.
Deixa sangrar, consagrar e coagular. Deixa ser, deixa estar.
Deixe pra lá porque no que eu me deixo não me deixa cicatriz.
Deixa ser silêncio que o barulho das multidões me empurra ainda mais pro meu vazio.
Deixa expurgar aquilo que não pode me ter. Que não posso ser.
Deixa ser inverno que meu sorriso ainda não maturou pro verão.
E não se pode cortar o casulo antes do tempo das larvas.
Deixa ser férias que eu volto a correr pelo quintal.
Mas não hoje, não hoje...
È tarde pra tentar mudar o script, baby. Cale sua voz, termine sua cena e fique quietinho ouvindo a trilha.
A câmera já fecha em você. E cena já vai lentamente em fade out.

Eu sou a dona dessa história. E é aqui que ela termina.


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Ps: Sobre o post anterior e sobre o plágio, a querida Simone me alertou que a plagiadora espertinha marcou a foto onde reproduziu meu texto como particular. Ou seja, agora só vê o plágio quem ela quer. Enfim...
Para a moça que me mandou e-mail explicando o que eu deveria fazer para processar a plagiadora, eu agradeço e daqui pra frente vou ficar esperta com essas pessoas. Mas esse caso, especificamente, eu vou deixar pra lá.
Para todos vocês, fica o alerta que plágio é crime,
E que existe uma Lei de Direitos Autorais. Fiquem de olho!

Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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