26.9.08

A dor da gente não passa na tv



A minha dor poderia, mas não precisa passar na TV!
A tristeza que me inspira, o amargo que constrói...
Nos momentos que eu não estou muito bem, são os momentos que eu sou capaz de escrever coisas das quais vou me orgulhar pelo resto da vida.
Ás vezes, eu estou tão feliz, que se andasse pelas ruas no ritmo dos meus pensamentos, andaria saltitando e sorrindo para as pessoas. Também são momentos que sinto uma criatividade absurda, mas não tanto quando estou triste.
Sabe aquele texto de alegre que eu escrevi e que você elogia até hoje?
Bem, na verdade, ele foi escrito em um momento de decepção.
A tristeza pode ser um ingrediente poderoso para a criatividade, sem que eu tenha que criar algo necessariamente triste.
Essas coisas que me fazem entender, de uma vez por todas, as palavras do poeta.
Ele tem razão quando diz que o “poeta é um fingidor”.
Eu não sou poeta, nem poeteira e muito menos poetiza, estou bem longe disso, mas eu também ando fingindo o que sinto, e fingindo tão completamente, que chego até a acreditar em mim.
A minha dor não passa na TV, não sai nas revistas de fofoca e nem estampa os jornais.
Então fico me perguntando, se minha dor merece aparecer nesse blog.
Quando a gente dá credito á dor que sente, ela logo pensa que pode se espalhar e tomar conta da situação, o que muitas vezes não é verdade.
A dor da gente é megalomaníaca, tem mania de grandeza, acha que é tempestade mas não passa de uma gota.
Fico me perguntando se as minhas tristezas passageiras merecem essa lente de aumento.
Não estou dizendo que eu minto. Eu não finjo estar bem quando não estou, mas eu dizer que estou triste não quer dizer que quero morrer, me matar ou coisa parecida. O problema é que o blog funciona como uma lente de aumento e eu tenho que me preocupar com o que merece destaque na minha vida.
O que me incomoda divido com poucos, com quem eu sei que pode me compreender.
O que me alegra, eu coloco em um outdoor para que todos possam contemplar.
E eu acho que a gente tem que ser assim!
Acho feio, muito feio, pessoas que choram misérias em público, para quem quiser ouvir ou ler. Tenho repulsa em conviver com quem só sabe reclamar o tempo todo. E não é dizer que eu sou um exemplo de otimismo, porque eu sei ser chata e pessimista e confesso que sou ás vezes.
Mas para tudo existe um limite: bom senso!


Andei ausente... Eu estou em falta com todo mundo, mas os dias estão simplesmente lotados. Lotados de acontecimentos ruins, bons, marromenos... E Murphy definitivamente não está do meu lado. Mas eu vou me redimir com vocês que vem aqui, me deixam palavras carinhosas que eu não consegui responder ainda. E quem for no Blogcamp RJ sábado, favor me procurar lá =P



UPDATE
Não me procurem no BlogCamp RJ, porque eu não vou. Peço desculpas a quem marcou de encontrar comigo lá, mas eu tenho um bom motivo!
Fica pro próximo BlogCamp.


d-_-b Sobra tanta falta - Trevisan

19.9.08

Das Inquietudes...


Quando acordo primeiro, é só pa te ver dormir... (TM)

Dormir; sonhar; acordar; lembrar do sonho; inquietar-se; levantar; café; refletir; meditar; espera; medo; sensação de... de que mesmo?
Algumas dúvidas; muitas certezas; desequilíbrio; lembranças; na tv os noticiários; nas rádios as músicas que não entendo; no coração a saudade; na boca, as palavras que foram além da conta; nos olhos, lágrimas teimosas; um tanto de raiva; um tanto de tristeza; abstração; desatenção; informações não registradas; tantas informações...

As palavras atravessam obstáculos? Por onde é a saída? Tenho que gritar pra isso parar?

Letras; cores; botões; reticências; questionamentos; falta de foco; sensação de alguma coisa inexplicável; tensão; tesão; saudade; lembranças tão precisas; impressões tão imprecisas; in-pressões; análise, eu devia fazer análise; aqueles beijos; aquela despedida tão longa; símbolos; sinais; acenos; a mão estendida no vidro ensaiando um tchau; a cama fria; as manhãs silenciosas; um só prato de comida; pensamentos tão soltos; uma mente tão dispersa; planos; re-planos; planejamentos; planeja-mentes; inquietação, muita inquietação; uma urgência; um tempo que nunca passa; tédio; aborrecimento; uma vontade que nunca acaba de ser, de estar...

Dormir; sonhar; acordar; lembrar do sonho...
O Meu silêncio quer ter voz pra te acalçar!

16.9.08

Pra sarar

Ou, título alternativo: Dos Sapatos


Corria e dançava descalça pelo jardim cantando baixinho uma musiquinha que uma professora tinha ensinado. Sabia que tinha algumas palavras trocadas, mas cantava como se a sua versão fosse a certa. Afinal, inventar suas proprias canções era muito mais legal do que cantar as que já estavam prontas. Pelo quintal, brinquedos, gibis da Turma da Mônica, peças perdidas de lego, de damas, jogos e bonecas espalhadas por todo canto.
De vestidinho florido, feito pela Avó, rodopiava observando o movimento da saia rodada.
E ria...
Caía de bunda no chão e tornava a rir, porque tudo é uma brincadeira e cair era tão engraçado quanto rodopiar.
Ás vezes pisava numa pedrinha ou tropeçava em algum brinquedo e corria pra dentro de casa chorando. Logo era advertida pela mãe, que sempre chamava atenção da menina por andar descalça sem olhar por onde pisava.
Ela fazia bico, cruzava os bracinhos e sentava emburrada no sofá. Curtia uns breves momentos de rebeldia e pirraça, mas logo ficava inquieta e pedia "aquele beijinho pra sarar".
Num passe de mágica - ou melhor, do beijo carinhoso da mamãe, tudo se dissolvia, toda dor passava e ela voltava a correr, pular e dançar descalça pelo quintal. Certa vez, pisou num caco de vidro. Mas sempre voltava a andar descalça por aí. Vez ou outra tropeçava num brinquedo ou encontrava novas pedrinhas pra pisar. Mas sempre tinha "aquele beijinho pra sarar" capaz de resolver qualquer problema, curar qualquer dor ou resolver qualquer catástrofe.

Eu ainda tenho mania de andar descalça sem prestar muita atenção por onde eu piso.
Essa lição, a dos sapatos, eu nunca aprendi.
Com o passar do tempo, percebi que nem tudo aquele carinho é capaz de curar, mas isso nunca me impediu de tentar:


"-Ôôô Mãe, dá um beijinho aqui??? É pra sarar..."

13.9.08

Sobre a Tristeza e a Felicidade


Sabe quando você não está nem feliz e nem triste?
É como se você estivesse catatônico, apático, anestesiado...
É como se o mundo continuasse girando e você ficasse parado no mesmo lugar. De repente, nada parece fazer sentido e parece que as pessoas que falam com você estão falando grego em câmera lenta. Se perguntarem se você está triste você responde que não, mas se perguntarem se esta feliz a resposta é a mesma.
Talvez você esteja tão triste que nem note mais a presença da tristeza. Virou rotina, caiu no senso comum e você se acostuma a ficar com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
Talvez você esteja feliz, mas tenha medo de descobrir que essa felicidade que está sentindo não seja necessariamente real. Porque você sabe que a queda dói e que o chão onde você caiu, muitas vezes de cara, machuca muito. Aí você prefere ficar no chão, achando que assim não vai cair de novo. O que acontece em seguida, é que você se rende porque é mais fácil ser triste do que ser feliz. Tristeza é rendição, você se entrega a ela e isso faz de você um covarde. Felicidade é uma pratica diária. Você precisa sempre estar exercitando, aperfeiçoando, encontrando cada vez mais motivos para sorrir. Já dizia o poeta: “Tristeza não tem fim, felicidade sim” e é por isso que você precisa recriá-la todos os dias.
Mas talvez você ache mais fácil se render e aceitar o que a vida te traz, sem notar que quem sopra os maus ventos pra sua vida, é o seu próprio sopro.
Eu sei como é se sentir assim e sei como é se sentir o oposto disso.
E pra citar mais uma vez o poeta: “É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe”.
Pelo menos pra mim...


*baseado numa conversa de msn
*papo de auto-ajuda é o c******

11.9.08

De uma certa Música

"It's never been easy for me, to find words to go along with a melody
But this time there's actually something on my mind
So please forgive these few brief awkward lines"


Essa música tem aquela coisa que faz a gente suspirar, se apaixonar ou notar que está apaixonado.
Eu nunca achei simples, fácil e nem tampouco descomplicado encontrar as palavras certas para dizer ou escrever. Principalmente quando falo sobre o que eu sinto e cada vez que re-leio o que escrevo, penso 100 vezes se eu devo ou não mostrar, publicar... Acho tudo mal escrito, mal explicado, mal teorizado e mal traçado. Vejo todas as idéias opacas, sem cor, pouco nítidas e sem a graça que tinham quando as pensei. Houve um tempo em que rimas pobres me bastavam e composições medíocres cumpriam bem o seu papel. Houve um tempo, em que eu não precisava fazer força para explicar, porque tudo era simples de entender. Agora tudo precisa de uma outra vida, de uma outra cor, de palavras que ainda não foram inventadas. Nada é o suficiente para explicar o que não tem explicação. É tudo novo pra mim, porque desde que eu o conheci ele mudou tudo por aqui. E não foi fácil aceitar essa mudança, tanto o que eu relutei contra e nunca entendi o que ele conseguiu fazer, sem fazer força nenhuma. Hoje eu acredito no que não acreditava mais e enxergo a vida sob um novo ângulo, com um novo sentido. Eu já não acreditava que alguém pudesse conquistar a minha confiança da maneira que ele conquistou. Não queiram saber como é difícil ter a minha confiança. Mas ele consegue, ele tem e ele honra a cada segundo a confiança e o respeito que conquistou e que deixou conquistar. O passado e algumas experiências realmente ruins tinham deixado marcas e criado barreiras nas minhas relações atuais e futuras. E dessas barreiras, restam ruínas. É como voltar de um coma, abrir os olhos e ouvir "que bom que você está aqui".
Eu sempre soube que eu não era a melhor opção, sempre soube que uma hora ou outra eu o desapontaria, que vez ou outra eu ia pisar na bola, falar mais do que devo ou menos do que ele espera. Eu nunca fiz o papel da boa moça e sempre contei pra mim mesma a história da menina má que se dá mal no final porque só faz bobagem. Mas apesar de tudo isso, ele viu o que de melhor existe em mim, mesmo que muitas vezes, eu não enxergue o mesmo e me contou que a história que eu conhecia, pode ter um enredo diferente, um roteiro atual e um final feliz. Não existem palavras coloridas o bastante para pintar o quadro que eu vejo e nem cores vivas o suficiente para colorir esse contraste. Talvez eu não tenha tantas chances para dizer "o quanto", "o como" ou "o tanto" de tantas coisas. Talvez eu nunca tenha palavras para "o demonstrar", "o escrever", "o explicar". Talvez nem todo silêncio do universo seja capaz de exemplificar um certo silenciar. Talvez eu desperdice algumas oportunidades para um certo agir. Talvez aproveite outras para um agir certo. Talvez eu nunca entenda algumas coisas, talvez ele nunca entenda outras, talvez explique umas, entenda outras e é possível que, juntos, aprendamos muitas outras... O fato é que o que precisa ser simples, é! E o que preciso que ele saiba, ele sabe! E espero que as coisas que ele deseja que eu saiba, tenha certeza que eu sei! Como a verdade das palavras, aquelas palavras, que dizemos ao nos encontrar...


"And now I know,
I’ve already blown more chances than anyone should ever get
All I'm asking you is, don't write me off just yet
Don't write me off just yet"
Assista o Vídeo no Youtube



6.9.08

Língua de Trapo

Criando minhas próprias tempestades...

Eu falo demais. Eu sempre tive essa mania chata, feia, boba: eu falo demais. E por falar de mais, falo o que não devo e até mesmo o que não quero. E constantemente também falo coisas que as pessoas não gostam de ouvir. Aí é aquela coisa. A gente fala a besteira, reconhece o erro, pede desculpas, mas sabe que a pessoa ficou chateada. A gente nota pelo "eu desculpo" ou coisa similar que se ouça. Ai a gente não sente firmeza no "eu desculpo", porque quando a gente se importa mesmo com uma pessoa, quer ter certeza que foi perdoado, que a pessoa não vai ficar chateada com você. O pedido de desculpa, em si, não altera nada. É quase uma formalidade, é um reconhecimento que você errou. E quando a pessoa diz que te desculpa, ela aceitou que você errou e reconheceu o erro - mas isso não isenta a chateação, a mágoa, a dor que você possa ter causado nela. A “desculpa” não altera nada. Mas e aí? Na falta de um olho-no-olho e de um abraço-limpa-mágoas, o que fazemos? Vocês eu não sei, mas sabe macaco de circo sem treinador experiente, tentando disfarçar que fez besteira, que não acertou a acrobacia? Sabe palhaço desmotivado, que por mais que faça piadas, você não acha graça? Acha deprimente? É mais ou menos assim: você fica querendo mudar de assunto, fazer festa, firula e jogar confetes de um carnaval que não está brincando. E por mais que você tente, a pessoa não acha graça. Ou seja: você cagou tudo. E por mais que a pessoa tenha dito que te desculpa, você SABE que ela ficou chateada, triste e você torce freneticamente para que ela não tenha ficado magoada.
Poizé! Isso acontece com pessoas como eu, que falam demais e sem pensar.

E essa noite, em algum lugar do planeta, alguém foi dormir chateado comigo... certeza!

3.9.08

Tentei Fugir

“Tentei fugir pra longe, mas não saí daqui.
Estradas não faltavam, faltava o combustível”.*

Eu tentei fugir, porque fugir era tudo que eu mais queria.
Queria fugir de tudo aquilo que eu estava sentindo, deixar toda aquela dor pra trás e correr bem lá na frente, até que nenhum olho pudesse me alcançar. No entanto, eu não corri, preferi caminhar.
E ainda que meus passos fossem em outra direção, eu não me afastei nem um pouco de tudo que me fez querer fugir.
Queria fugir. Queria me livrar de todas aquelas sensações que senti e que consumiram minha tarde como se realmente se tratasse de algo relevante. Eis o pedestal novamente. É quase uma forma de viver, triste forma de viver. Enquanto me enganava achando que dando alguns passos para a direção contrária era o mesmo que fugir, eu procurava entender como os sentimentos perduram em meio a quase nenhuma esperança. Não havia uma gota sequer de inteligência emocional. Senti falta de algumas frases exageradas. Senti falta de mais coisas também, prefiro não confidenciá-las. O que chega a ser um abraço numa hora dessas? A sensação de perda de tempo nunca será suficiente? Não é preciso estar no chão para se levantar? São coisas que sempre voltam. Não deveriam voltar. Uma coisa que eu sempre detestei é a possibilidade de sofrer pelo velho. É como se não fosse capaz de compreender a beleza do novo e suas promessas.
O novo existe! Está debaixo do meu nariz e não enxergo!
Talvez sejam sós os meus olhos fechados...


Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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