5.10.15

Eu, as pessoas e os livros

Esses dias estava falando sobre técnicas de organização com uma amiga. Falava sobre um jeitinho que aprendi a dobrar as roupas pra visualizar melhor as peças na gavetas, quando a pessoa solta um raivoso: "Você deveria se livrar de tantos livros, aí você ia ter mais espaço pras suas roupas".


Existem três coisas que eu não consigo entender nesse mundo:
1- Pessoas
2- A necessidade das pessoas de se incomodarem com a vida dos outros
3- Pesso... não, são duas mesmo, não sei fazer contas!

Sabem, já me aborreci muito com esse tipo de gente, mas hoje eu simplesmente não importo. I really don't care! Principalmente e especialmente em casos de opiniões não solicitadas e, muitas vezes, agressivas.
Custei a perceber como algumas pessoas se incomodam em demasia com a vida e as escolhas das outras. Nesse caso, a pessoa estava incomodada com meus livros. Pausa, rebobina: MEUS LIVROS. Ficou claro?

Saca essa falta de noção, minha gente! 
Ninguém tem o direito de dizer como eu (e vocês) devo organizar minha vida, comprar minhas coisas, comer, me vestir, usar meu cabelo, pensar, ler, nada, nadinha... E pensando em como a opinião da colega vai influenciar minha vida daqui pra frente, fiz uma lista com vários nadas. E eu não vivo com a cabeça dos outros, vivo com a minha, graças a deus. E isso já me dá trabalho pra caramba.
De modo que: penso que cada um faz o que quiser da própria vida, né mesmo? 


Ah lá o Darth Vader sendo feliz nem aí procês, óh

-Ai Carol, mas você usa esses livros pra fugir da realidade...
-Me prova que a realidade é melhor.

Não pessoas, leitores que se enfiam num livro atrás do outro não estão fugindo da realidade. Eu continuo pagando minhas contas, sendo adulta (mesmo sem vontade) e estudando pra ser alguém na vida. Lavo roupa, louça e a bunda sozinha. Eu tenho cá para mim, que pessoas que leem muito tem TANTA consciência da realidade que as outras tanto cospem, que tirar férias de vocês é uma atividade muito bem vinda. Mas, MESMO SE eu estivesse usando livros pra fugir da realidade, que importa? De quem é a vida mesmo? Só pra recapitular... minha, né? Então, mais uma vez:


Agora que essa parte já ficou clara, eu fiquei pensando um pouco na minha relação com os livros.
Não que eles sejam a minha "fuga", mas sempre foram uma espécie de refúgio. Será que essa imagem fica clara? Não lembro como foi que me tornei uma leitora. Minha mãe e meus tios sempre compravam livros pra mim. Livros e revistinhas em quadrinhos, que eu colecionava e relia, relia, relia...
Meu primeiro cartãozinho de sócia de biblioteca foi uma das coisas mais felizes que me lembro de ganhar. Na adolescência (e agora na idade adulta) sempre tinha um livro comigo.
Algumas vezes, usei de livros para entender o que sentia. Outras vezes, para esquecer do que estava pensando. Escapei para mundos mágicos, passei por desventuras, entrei em armários que davam em outro mundo, conheci vários pedacinhos do mundo através de personagens que ganharam meu carinho para sempre. Falo deles com orgulho de os ter conhecido. 
A leitura me fez crescer, me  fez mudar de opinião, me fez entender as pessoas e o mundo a minha volta. A leitura fez mais por mim do que conselhos vazios de quem acha que entende a vida melhor do que eu.
Os livros me trouxeram amigos que compreendem essa paixão e que me chamam pra dizer "olha, acabei de ler o livro que você me indicou" ou "estou te mandando esse livro porque você vai gostar dele" ou ainda "que livro maravilhoso, obrigada". Para mim, não existe maior prazer que ver uma pessoa gostar de um livro que eu tenha indicado. E esse é um dos motivos que me fazem escrever resenhas aqui ♥
Não é simplesmente indicar um livro, é indicar uma leitura que represente algo para alguém. Para vocês ou para mim.

-Mas pra que tantos livros? Você não vai ler isso tudo e ainda compra mais!

Sim, tenho mesmo muito livros e pretendo SIM ler todos. Mas sabem de uma coisa? Eu não tenho a mínima pressa, terei uma aposentadoria feliz e tempo bastante para ler, porque morrer logo não está nos meus planos. E continuo comprando sim, por um único motivo: eu quero.
Não, na verdade eu continuo comprando porque: o dinheiro é m-e-u.
Mentira, o único motivo é: o mercado literário não para não para não para não vai até o chão.
Tá isso também, mas eu continuo comprando, sobretudo, porque isso é problema meu! 
E porque SIM!
Ou seja: tudo isso, menos a opinião que não pedi. No fim das contas, se tem alguém preocupado em como gasto o meu (vejam bem, m-e-u) dinheiro, manda email que eu encaminho os boletos das minhas contas.

Um adendo sobre a minha economia pessoal:

Eu não tenho pena de gastar dinheiro com livros, não tenho pena de gastar dinheiro com comida.
Nem com viagens ou com coisas que eu goste de usar.
Tenho pena sim, de gastar com uma roupa que custa #300% a mais do que vale só porque tem uma etiqueta famosa, só para aparecer bonita no instagram com a tag #lookdodia, com maquiagens importadas que sei que vou esquecer de usar e sair todo dia só com o combo rímel + batonzinho mesmo, com sapatos que machucam os pés mas ficam bonitos nas fotos e demais bobagens que de nada me servem.
Viajando, comprando minhas bobagens, lendo livros e comendo eu fico: feliz. Olha que jeito legal de investir meu dinheiro. Então que tal todo mundo ficar feliz fazendo o que quiser da própria vida? Hum? Hum?


Agora, se você não consegue entender isso...


"Livros não mudam o mundo,
quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas."
Mario Quintana

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Carolina! Na verdade se chama Ana Carolina e não gosta de ser chamada de Ana. Não revela a idade, mas todo mundo diz que aparenta bem menos. Fotógrafa e estudante de Jornalismo. Mudou de área depois de anos insatisfeita com a profissão. Carioca, apaixonante e implicante. Carinha de 8, espírito de 80 anos. Chata, mal humorada e anti-social. Gosta de rimas simples, de frases bobas e é viciada em café. Na vida passada foi um gato tamanha preguiça. Tem mania de ter manias, coleciona coisas inúteis e acha ridículo isso de falar de si mesma em 3º pessoa.

 
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